Paira o
ódio no ar...
É triste,
mas o ódio começa a alastrar-se cada vez mais, com a conivência da maioria de
nós. Abrimos a boca para criticar muita coisa – algumas sem qualquer sentido -,
mas quando se trata de defender a vida de seres humanos ainda ficamos demasiado
calados.
Jesus não
se calava perante o mal, mesmo que isso O tenha levado ao sofrimento e à cruz.
Mesmo que isso O tenha levado a deixar de ser tão popular e tão amado, como nos
primeiros tempos de missão. Também, nós, não nos podemos calar ao ver que se insulta
um irmão apenas por ser muçulmano, ou por ser negro, etc. O ataque de extremistas
a um ator, vindo do nada, mostra como o ódio está no ar.
Como cristã,
como cidadã, não me posso calar perante o extremismo! As mensagens com
meias-verdades ou totalmente mentirosas, com imagens produzidas ou retiradas de
contexto, estão a pôr pessoas contra pessoas. Há autênticas máquinas de marketing
mentiroso, a levar ao ódio. Marketing de partidos políticos, mas também
de grupos neonazis e de grupos satânicos, que estão a fazer autênticas lavagens
cerebrais aos jovens. Existem provas já de tudo isto e as autoridades
internacionais têm lançado alertas, porque se estão a recrutar jovens na Internet
para cometerem crimes de ódio.
O que
deve, então, um cristão fazer? Oração é sempre importante, como é lógico. Assim
como o jejum/abstinência, a adoração, o rosário, a lectio divina. Mas,
também, é preciso sair da ‘capelinha’ e falar de Deus, com palavras e gestos
concretos. Não se trata de proselitismo, mas de mostrar que, mesmo que não se
venha a entrar na Igreja, se pode seguir o exemplo de Jesus, que assenta na
paz, no amor, no perdão e na aceitação do outro como ser humano, mesmo que não nos
identifiquemos com a sua cultura.
Jesus está
de braços abertos na cruz, não nos pede para cruzarmos os braços e virar a
cara. É urgente espalhar a paz, o amor, o perdão! E isto faz sentido nas periferias
geográficas e existenciais, mas também dentro da Igreja, onde grassa o ódio –
disfarçado de zelo – pelos irmãos ditos ‘diferentes’, como o muçulmano, o
imigrante … Onde está o amor de que tanto falam esses cristãos, que estão a ser
levados pelo ódio, disfarçado em zelo apostólico?
Ajudai-nos,
Jesus, porque, quando pedes para nos amarmos uns aos outros, não nos dizes para
escolhermos este ou aquele, consoante a cultura, religião ou cor de pele! Pedes,
sim, para amarmos todas as pessoas. Ámen.