sexta-feira, dezembro 05, 2025

 

O que diz o olhar do Menino Jesus?

 


Eis a agitação habitual das vésperas do Natal… Onde estão os pensamentos de um cristão? Infelizmente, estão muitas vezes nas prendas e na comida da Ceia. Jesus fica para segundo, terceiro, quarto plano… Lá nos lembramos Dele quando olhamos para o presépio, mas não muito mais.

É preciso parar, orar, escutar e amar. No meio da agitação não podemos esquecer que o Natal é o nascimento de Jesus. O Menino embrulhado em panos, numa manjedoura, é Deus feito homem, que veio ao mundo para nos salvar. Não nos podemos distrair deste Seu Amor tão grande! Se o fizermos, estamos a ser ingratos.

Nestas semanas que antecedem a noite de Natal – Advento, na Igreja Católica -, deixemo-nos levar pelo olhar do Menino Jesus. O que Ele nos diz? O que temos de mudar na vida? A quem devemos estar mais atentos, porque está a sofrer em silêncio, apesar de sorrir todos os dias?

Olhemos para o Menino Jesus como se fosse a primeira vez. Peguemos na Palavra de Deus (a Bíblia) e voltemos a ler a passagem do seu nascimento. O que mais nos chama a atenção, tendo em conta o que estou a viver neste momento?

 

quarta-feira, novembro 26, 2025

 

Quando somos um mundo fechado

 



Quando lidamos com muitas pessoas ao longo da vida, apercebemo-nos de como há tantos que vivem fechados no seu mundo. Até podem sorrir por fora, mas por dentro há algo que dói. E isso só é possível de entender quando estamos atentos, quando nos aproximamos sem julgamentos e permitimos que a pessoa fale.

A vida levou-as a viverem caladas e  a esconderem os sentimentos. Isso poderá acontecer por diversas razões: não conseguem expressar as emoções que foram sempre reprimidas; por acreditarem que se o fizeram vão ser gozadas ou consideradas fracas; ou simplesmente por quererem ‘tapar os pobres’ de quem lhes é mais próximo.

Estas dores revelam-se também em sorrisos ou palavras mais amargas, em desconfiança de tudo e de todos… Ainda, ontem, no autocarro me apercebi disso numa senhora. O seu tom amargo e crítico, assim como a sua expressão facial, demonstravam o quanto deve ser uma pessoa fechada no seu mundo. Com isto vem o ódio e o rancor e muitas amizades que desaparecem. 

Este episódio faz-me lembrar um projeto que existe na Chéquia com o teólogo e padre Tomáš Halík. O objetivo é apenas um: há padres e leigos disponíveis para escutar quem queira ser ouvido, sem julgamentos. Todos eles têm formação para tal. Num país onde há mais ateus do que crentes, esta iniciativa tem permitido que as pessoas possam desabafar, esclarecer dúvidas. Algumas até (re) descobrem que Deus é Amor e Misericórdia e não apenas uma ideia ou um tirano. 

Esta também deve ser uma das missões dos cristãos: escutar palavras, gestos, olhares. Que Deus nos dê quem possa ter vocação e formação para a escuta ativa, para o discernimento dos espíritos. Há muitos mundos fechados, sedentos de compreensão, amor e orientação…



sexta-feira, novembro 21, 2025

 

O deus do ginásio

 



Praticar exercício físico adequado é essencial para a saúde. Mas existe um problema: o ginásio (ou até o exercício ao ar livre) tornou-se um deus para muitas pessoas. Há sempre tempo para o exercício, para moldar o corpo, mas nunca há tempo para a família, amigos, namorado (a), etc.

Eu também faço ginásio e natação e, como referi, isso é essencial para uma boa saúde. O problema está quando se tornam ídolos. Assisto e conheço histórias bem reais de quem ‘adore’ o deus ginásio/exercício, procurando viver o pleno bem-estar como se fosse um deus. E nem sequer têm noção de que é assim: acham que não estão a fazer nada de mal.

É preciso parar e ver até que ponto este novo deus nos está a afetar… Porquê? Porque, quando se tomar plena consciência desse deus, vai-se sentir uma dor enorme: a dor do vazio, das oportunidades de vida e das pessoas maravilhosas que se foram perdendo…

O telemóvel e todos os ecrãs podem ser deuses, mas a esses atribuiu-se-lhes facilmente um malefício. Ao ginásio, não. Na vida tudo deve ser com conta peso e medida. “Ninguém poderá servir a dois senhores…” (Mt 6, 24), já Jesus nos alertava…

Meditemos nos deuses da nossa vida e, com a graça de Deus, afastemo-los. E vejamos se, por acaso, esses deuses não estão simplesmente a esconder dores e medos interiores, que não conseguimos enfrentar…

Ajudai-nos, Jesus, a descobrir os deuses da nossa vida, sobretudo aqueles que passam facilmente por ser uma coisa boa, ou que até o são – como ir ao ginásio -, mas que em exagero nos afastam do Teu amor e do amor ao próximo! Ou, então, escondem medos e falta de coragem para dar certos passos… Ámen.



quinta-feira, novembro 13, 2025

 

A tua vida é muito importante!

 


A angústia pode ser tão profunda e intensa, que não há forma de a expressar por palavras. A depressão não se vê como uma perna partida, mas dói muito mais do que se possa pensar. Tu, que estás, farto de viver, tens em Jesus Alguém que sabe bem o que sentes. Jesus também sentiu angústia no Horto das Oliveiras. Chegou a suar gotas de sangue por causa do pânico e da angústia que sentia ao ver o sacrifício da cruz a aproximar-se (Lc 22, 44) …

Ele não te censura. Sabe bem o que tens sofrido e vivido. Mesmo sem O sentires, Ele está sempre contigo e diz-te: “Tu és muito importante. Não vês nenhuma saída, mas ela existe. Amo-Te muito, tal como és!”

No mês de novembro, o Papa dedica a sua intenção de oração às “pessoas que se debatem com pensamentos suicidas”, para que “encontrem apoio” nas suas comunidades e “se abram à beleza da vida”.

“Senhor Jesus, Tu que convidas os cansados e oprimidos a virem a Ti e a descansarem no Teu Coração, pedimos-Te neste mês por todas as pessoas que vivem na escuridão e no desespero, especialmente por aquelas que lutam contra pensamentos suicidas. Que sempre encontrem uma comunidade que as acolha, escute e acompanhe. Concede-nos um coração atento e compassivo, capaz de oferecer conforto e apoio, bem como a ajuda profissional necessária.” Papa Leão XIV

A todos os outros, peço compaixão por esta dor que leva a querer pôr fim à vida. Há dores que não se veem, que não se entendem. Mas existem, são bem reais. Deixemos o preconceito de que a depressão é uma mania da outra pessoa. Não é mania nenhuma, mas uma doença, que pode ser controlada. Oremos mais, critiquemos menos!

 

Linha nacional de prevenção do suicídio: 1411. É gratuito e funciona 24 horas por dia.

sexta-feira, novembro 07, 2025

 

Só Deus nos ama de verdade…

 


São palavras de uma mulher, já madura, que teve sempre uma vida de sofrimento. Desde cedo descobriu como a vida pode ser muito dura: violência, doenças graves, abandono, pobreza. Mas quando nos diz que “Só Deus nos ama de verdade”, não o faz com queixume ou com mágoa. Mas com alívio…

Nas suas palavras de pessoa cheia de fé, de muita oração, explica-nos que o ser humano tem muita tendência para se apegar demasiado ao amor e à aprovação dos outros, sobretudo quando faltou amor na infância. Mas quando se descobre (e se aceita) que apenas Deus nos pode amar por completo - por ser o Amor Perfeito – é mais fácil aceitar o amor imperfeito dos outros.

Não se trata de resignação, de parar de lutar, mas de aceitar a verdade nua  e crua: todos podemos amar, mas não o conseguimos fazer plenamente. Somos imperfeitos, deixamo-nos contaminar pelas feridas do passado…

É duro até se descobrir isto. Mais duro é moldar o nosso coração a esta verdade: “Ninguém te ama como Eu [Jesus]!” Resta-nos o consolo de um Deus que tem imensa paciência e que nos acolhe, com Amor infinito, todos os dias da vida, quer naqueles em que aceitamos esta verdade, quer naqueles onde não é bem assim…

Aceitar e viver esta verdade é um alívio, segundo esta mulher: “Assim, sofremos menos, compreendemos melhor as limitações do outro e vivemos mais tempo a amar o outro do que a criticá-lo. É por isso que é um alívio saber que apenas Deus nos ama de verdade, em toda a plenitude do Amor.”

Que assim saibamos viver, meu Deus!

 

 

 

quinta-feira, outubro 30, 2025

 

Falar de Deus e respeitar as feridas do outro


 

Há muitas pessoas com sede de Deus, mas também é verdade que muitas delas estão magoadas por causa de maus exemplos na Igreja. É preciso respeitar essa ferida. Jesus não apagava a mecha que ainda fumegava (Cfr. Is 42, 3) e nós temos de fazer o mesmo. Por vezes, ávidos de divulgar a Palavra, acabamos por sufocá-la. É preciso respeitar o tempo do outro, perceber quais as suas feridas e dúvidas; e sempre sem censurar.

Só Deus sabe por que razão alguns nunca saíram da Igreja e outros a abandonaram. Pode haver muitas razões e, muitas vezes, a culpa está no nosso (mau) exemplo. Antes de atirarmos qualquer pedra, olhemos para nós, Igreja. O que fizemos para que o outro se tenha afastado? 

Após essa reflexão, com a ajuda do Espírito Santo, tenhamos a coragem e a humildade de pedir perdão, de mudar comportamentos e de orar por aqueles que se afastaram. Como Jesus disse: “…os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos” (Mt 20, 16).

Peçamos também, em oração, a graça de não abandonar (ou voltar a abandonar) Deus e a Igreja. Ámen.



 

quinta-feira, outubro 23, 2025

 

Bendita dor de cabeça!

 


É quarta-feira, final de tarde. O dia foi longo e ainda falta tudo o resto para fazer em casa. Exausta, com dores de cabeça, stressada e angustiada, olho para as inúmeras pessoas que saem do Metro e penso: “Meu Deus! Se não fosses Tu, de que valeria toda esta correria?”

O amor de Deus transforma, de facto, a nossa vida e está sempre presente, mesmo quando não O sentimos. Ele deixou-nos essa promessa: “Estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.” (Mt 28, 20)

Aquela quarta-feira era mais um dia muito preenchido, com muito trabalho, muitas responsabilidades. O cansaço era tão grande que mal suportava o barulho à minha volta. Só me apetecia dormir ou ficar em silêncio total… Não podendo fazê-lo, agarrei-me a Jesus e pedi-lhe força.

Apesar das dores de cabeça e da confusão mental, Jesus abriu-me os olhos e fez-me ver que aquele momento era uma bênção. Como? As dores de cabeça foram o gatilho para não suportar o barulho; seguiu-se a sensação de que, sem Deus, nada daquela correria valeria a pena. Isto levou-me à oração, a bendizer Deus por dar sentido à nossa vida quotidiana, a orar por todas aquelas pessoas que estavam à minha volta…

As dores de cabeça passaram logo? Não! O cansaço (melhor dizer, exaustão) desapareceu no momento? Não! Mas ficou a gratidão por um Deus que nos ama infinitamente e que me ajudou a olhar para o meu próximo e a não me focar tanto nos meus sentimentos, nas minhas dores…

No final do dia, quando cheguei finalmente à cama, o amor de Deus reinava, apesar das dores…

Ensina-nos, Jesus, a louvar-Te em todos os momentos, sobretudo nos mais difíceis, naqueles em que apenas nos apetece olhar para o nosso umbigo. Ámen.


sexta-feira, outubro 17, 2025

 

Amar é doação, espera, cuidado



A caminho do trabalho vi um senhor de idade avançada a levar a neta à escola. Deviam ir atrasados, pois tentavam apressar o passo. É uma cena corriqueira, mas lembrei-me como o amor é mesmo isto: doação. O amor que Deus nos ensina é mesmo este: implica dádiva, espírito de sacrífico, paciência.

Em 1Co 13, 1-13, fica muito claro o que é amar alguém: filhos, maridos/namorados, esposas/namoradas, pais, etc.


“O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso,
não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento.”

Destaco, em particular, “o amor é paciente (…)  não procura o seu próprio interesse”. Quantas vezes perdemos grandes amores ou magoamos as pessoas, porque não conseguimos pensar mais no outro do que em nós. Na nossa impaciência e na vontade de sermos amados, acabamos por ficar cegos e não vemos as necessidades dos outros. Quantas vezes estão a sofrer mais do que nós… e não queremos saber, porque apenas pensamos em receber, receber…

Isto vê-se, sobretudo, nas relações conjugais e entre filhos e pais. A reciprocidade própria de uma relação a dois ou o vínculo de sangue não são razão para exigirmos tudo do outro. Se os amamos, somos pacientes, prestáveis, procuramos mais o interesse do outro do que o nosso. Isso pode implicar momentos de espera – às vezes, uma longa espera.

Mas se Deus nos diz que esta é a forma de amar, procuremos pedir-lhe essa graça de saber cuidar mais do outro, de olhar para o sofrimento do outro… Tenho a graça – sim, posso dizer que é uma graça – de Deus me moldar cada vez mais na espera. Porquê? Porque é na espera que aprendemos a amar como Deus nos ensina; é aí que purificamos os nossos sentimentos; é aí que percebemos os frutos do verdadeiro amor… E como tem sido descoberta maravilhosa!

Que Jesus nos ensine a amar como aquele avô amou a neta, naquela manhã!

 


 

domingo, outubro 05, 2025

 

Religião e Política. Ai, Jesus!

 


Estamos à beira de eleições e uma das questões que surge é: Religião e Política podem misturar-se de alguma maneira? Depende… Passo a explicar: o Estado português é laico (e não ateu, como muitos querem) e, obviamente aplica-se a máxima de Jesus “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 15). Na prática, é preciso haver respeito mútuo e a Igreja – católica ou outra – não deve dizer para se votar em X ou Y. Não pode fazer campanha política. Infelizmente, nem sempre nos portámos bem…

Contudo, esta máxima de Jesus não pode impedir o cristão de se esquecer de quem é: seguidor de Jesus. O seu voto tem de ser coerente com o Evangelho que escuta, medita e proclama. Nos últimos tempos, com a redes sociais, há muitos cristãos a seguirem movimentos partidários contrários ao Evangelho. É demasiado triste! Afinal, seguimos Jesus ou os nossos ideais políticos? O que é mais importante: Jesus ou um partido político? 

Não basta ser-se contra o aborto e a eutanásia. Isso é muito importante, obviamente! Ser de Cristo é ser pró-vida. Mas ser pró-vida é também estar contra, por exemplo, o uso de porte de armas por causa do mandamento “Não matarás”. É ser a favor da dignidade dos imigrantes, das pessoas de outras religiões, das pessoas mais vulneráveis, etc. Não sou eu que o digo, mas sim, o Evangelho:

“Não matarás!” (Ex 20, 13): “Não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás, porque foste estrangeiro residente na terra do Egipto” (Ex 22, 20)

 “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque  (…) era estrangeiro e recolheste-me” (Mt 25, 35)

Jesus deixou-nos o exemplo. “Não ofendais o Espírito Santo” (Ef 4, 30) por causa de partidos políticos. Nalguns casos, é mesmo vender a alma ao diabo…



 

quarta-feira, outubro 01, 2025

 

O impossível também acontece


“De tudo sou capaz naquele que me dá força” (Fl 4, 13) Esta passagem bíblica acompanhou-me, de forma particular, nos últimos tempos. Muitas vezes, orei com estas palavras, sem ver uma luz ao fundo do túnel. A escuridão vencia, aparentemente, levando-me a balbuciar: “Jesus, sabes o que te peço. Não vejo nada, sinto uma enorme angústia. Estou revoltada. Mas, também sei, que Tu sabes o que é melhor para cada um de nós. E sei que, mesmo sentindo, uma enorme fraqueza, Tu estás a fortalecer-me e a fortalecer quem precisa desta graça.”

À volta de mim, havia quem me dissesse: “É impossível.” A minha razão tentava convencer-me do mesmo, mas a minha fé dizia outra coisa: “Aos homens é impossível, mas a Deus tudo é possível” (Mt 19, 26)

Assim continuei a oração. Uns dias às apalpadelas, noutros em plena escuridão, em lágrimas. A espera é algo terrível, sobretudo quando há muito em jogo. Mas, no final, a pessoa obteve a graça de que tanto precisava. E antes do tempo que era suposto…

É verdade que Deus nos pode dar um “Não”, porque mesmo as coisas boas poderão não ser o melhor para nós. Contudo, não é isso que nos deve levar a cruzar os braços. A espera pode significar apenas uma coisa: Deus está a pôr-nos à prova. Em suma, Ele pergunta: ”Até que ponto, acreditas que Comigo tudo é possível, desde que seja da vontade do Pai?”

Não desistamos de orar uns pelos outros, porque a oração move montanhas!


sexta-feira, setembro 12, 2025

 

Não às migalhas de amor!

 


“… quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede” (Jo 4, 14), disse Jesus à mulher samaritana. Esta passagem da Bíblia levou-me durante dias a uma questão: Jesus, se Te conheço, por que razão, de vez em quando, ainda sinto tanta sede, tanta angústia, uma dor profunda no meu coração? Por que razão a água que me dás, não me sacia?

Num momento de oração, eis a resposta de Jesus: “Ainda estás muito agarrada a migalhas de amor por causa do teu passado.” Foi uma oração libertadora! A falta de amor na infância leva-nos, mesmo de forma inconsciente, a aceitar migalhas de amor. Seja de quem for… E porquê? Porque ainda não curámos a ferida e a dor da ausência de quem nunca devia ter abandonado o barco.

Encarar esta verdade é muito doloroso. Mas é assim que deve ser. Na graça de Deus, em oração, é preciso aceitar a nossa verdade e deixar que Deus nos cure. Na maioria das vezes, essa cura não acontece em segundos. Deus pode muito bem curar-nos num clique, mas, regra geral, Ele prefere aos poucos, porque é dessa forma que nos vamos enchendo do Seu Amor, para o levar a outros.

Não podemos viver apenas de migalhas de amor. Não podemos ser mendigos em busca de um pequeno gesto que nos enche a alma e o coração, por breves momentos. Deus veio para nos dar vida e vida em abundância (Jo 10, 10) e, enquanto a vida nos dá migalhas de amor, Ele, Jesus, único Deus e Salvador, enche-nos com a plenitude do Amor. A angústia pode voltar, mas a solução é só uma: em oração é preciso pedir que Jesus nos cure e nos encha do Seu Amor, para O levarmos a tantos outros irmãos que estão num sofrimento sem fim…


sábado, agosto 30, 2025

 

Alegria em Deus até na prisão

 

“Alegrai-vos sempre no Senhor!”. (Fl 4, 4) “Não vos inquieteis com nada!” (Fl 4, 6) Estas palavras são de Paulo, na Carta aos Filipenses, e foram escritas quando ele estava na prisão, aguardando para saber se seria condenado à morte.

É brutal! No meio do sofrimento e da injustiça – era inocente -, Paulo tem um amor tão grande por Jesus e está tão cheio do Espírito Santo que não consegue deixar de falar em alegria.

Ele consegue, inclusive, compreender o lado bom daquela situação: “… o que me aconteceu ajudou o Evangelho a progredir” (Fl 1, 12). 

Naquele martírio fez questão de ajudar os seus irmãos a serem cada vez mais de Cristo e a continuarem a sua missão, apesar das perseguições. Ele podia ter optado por falar dos horrores que deveria estar a passar, murmurando e perguntando: “Porquê eu, meu Deus? Onde estás, Deus? Estou a seguir-Te, por que tens de me tratar assim?”

Ao reler esta carta maravilhosa, senti necessidade de orar e de pedir a Deus que me ajude a reler a minha vida à luz da Sua Palavra. Sei que sou imperfeita e que não vou conseguir fazê-lo sempre. Mas, peço-Lhe que me ajude e que me dê a firmeza de treinar esta forma de estar na vida. 

Jesus, sede o nosso amparo, envia o Espírito Santo para que o exemplo de Paulo não caia em saco roto na nossa vida! Ámen.


terça-feira, agosto 19, 2025

 

Deixa Deus sonhar em Ti

 


E se não acreditarmos que é possível ser-se feliz neste mundo? Parece ridículo, mas isto acontece, sobretudo quando se teve uma vida madrasta, plena de dor e de angústia desde a infância. 

Desde pequeninos habituamo-nos à ideia de que a vida é mesmo assim. Não há nada a fazer. E, com esta atitude, acabamos por desistir dos sonhos que Deus tem para nós. Chegamos ao ponto de nem sequer vermos o que Ele tem para nós. O sofrimento da vida cega-nos.

Mas os sonhos de Deus têm de ser cumpridos. E Ele não desiste de nos dar vida e vida em abundância (Jo 10, 10), nem que para isso tenha de nos desmontar o puzzle da vida em segundos…

Quando ele se destrói, tudo parece um caos. Ficamos confusos, à deriva… mas com uma ordem bem clara de Deus: tens de remar o barco, sob a ação do Espírito Santo, mesmo não sabendo como vais concretizar estes sonhos…

Foi isto que aconteceu a Abraão, o nosso pai na fé. Ele e a mulher, Sara, habituaram-se à ideia de que não iriam ser pais. Mas, contra tudo o que se previa, já numa idade avançada, Sara deu à luz um filho. O mesmo aconteceu com Ana, que teve Samuel, ou com Isabel que trouxe ao mundo João Baptista. Tiveram um caminho difícil demais, tempestades que os assustaram, mas o sonho era de Deus e Ele providenciou...

E tu? E eu? Que sonhos Deus quer realizar, mesmo que, humanamente, já pareçam impossíveis? Será que já nos habituámos demasiado ao fracasso e, com isso, impedimos que Deus realize os Seus sonhos em nós? 

PS: O título é de uma música do Frei Gilson

 

quinta-feira, agosto 14, 2025

 

Orar sem vontade



Pois é, todos passaremos pela longa noite escura. Jesus foi tentado no deserto e nós também temos de passar por lá, mesmo que não seja cheio de areia, mas recheado de barulho e de uma vida dita normal.

À medida que vamos conhecendo Jesus, vamos perceber que há uma hora em que teremos de passar pela prova da aridez espiritual. Não se sente vontade, não se sente qualquer emoção, na Missa, nas orações, no cumprimento da Palavra de Deus.

O que fazer? Parar? Jamais! Mesmo sem sentir nada, mesmo sem vontade, é preciso continuar a participar na Missa, a orar – mesmo que seja de maneira diferente do habitual -, de pôr a Palavra de Deus em prática.

É apenas uma prova. Para quem? Para Deus? Ele precisa de saber se somos fiéis por amor ou apenas pelas sensações boas? Não, porque Ele sabe tudo. Mas, nós, não sabemos. Nesses momentos de aridez espiritual conseguimos provar a nós mesmos se, de facto, estamos com Jesus por amor ou por interesse.

Esse autoconhecimento vai levar-nos a ver, por vezes, coisas feias no espelho, que precisam de ser retiradas de nós. Não é preciso ter vergonha. É necessário, sim, pedir, com humildade, que Jesus nos molde, nos envie o Espírito Santo para nos purificar.

Não desistamos! Deixemos que Jesus nos leve ao deserto, onde nos vai falar ao coração e onde nos vai seduzir (Os 2, 16), para nos ajudar a entrar, um dia, na Vida Eterna – a Grande Meta do cristão.


quarta-feira, agosto 06, 2025

E a água benta, meu Deus?

 


A água benta é um sacramental muito importante, contudo com a pandemia acabou por ser retirada. Mas a pandemia já passou. Então, onde está a água benta?

Voltou tudo ao normal, menos este sacramental? Sei que basta levar uma garrafa e pedir ao padre que a benze. Mas havia sempre nas igrejas…

É verdade que conheço uma igreja onde ainda têm. Pode haver mais, claro, não sei… É triste! Já basta o abraço da paz também ter desaparecido nalguns sítios…

Ajuda-nos, Jesus, com estes ‘apagões’ …



quinta-feira, julho 24, 2025

 

Os sinais de Deus e a teimosia humana


Pedimos muitos sinais a Deus, mas nunca (ou raramente) nos lembramos de olhar para o passado e de ver se Ele já nos falou noutras situações. Muitas vezes, o passado dá-nos as respostas, mas nós não queremos encará-las. E porquê? Porque não aceitamos a vontade de Deus.

No Pai Nosso dizemos “seja feita a Tua Vontade”, mas no coração sentimos outro desejo: seja feita a minha vontade. Isso leva-nos à cegueira e ao sofrimento. Teimamos, muitas vezes, em seguir a mesma direção que Deus já nos mostrou não ser a melhor para nós. 

Muito do sofrimento que temos hoje, tem a ver com essa cegueira, com essa teimosia em seguir a nossa vontade, em não querer interpretar os sinais bem visíveis de Deus na nossa vida. 

Como somos difíceis, meu Deus! Como complicamos tudo! Ajuda-nos a sair desta teimosia e a aceitar a Tua Vontade, que é aquela que nos vai levar à salvação eterna. Ámen.



quinta-feira, julho 17, 2025

 

Quando a dor revela a nossa verdade…

Quando uma criança está no hospital, a sentir dores, agarra-se à mãe e ou ao pai e chora. Fica ali nos seus braços, à procura de consolo. A dor até pode não parar de imediato. Ainda pode levar muitos dias… Mas a criança não deixa o colo da mãe e ou do pai.

Com Jesus é o mesmo. A vida é imprevisível e pode ser muito dolorosa. Quando nos sentimos oprimidos e cansados, Jesus convida-nos a ir ter com Ele (Mt 11,28). E como é bom ter este colo! Mas isso não significa que a dor passe de imediato.

Muitas vezes, a dor tem de se manter, porque Jesus sabe que temos algo a aprender com ela. Sabe que essa dor pode ser a única maneira de conhecermos a Verdade, nomeadamente a verdade de quem realmente somos.

É na dor que descobrimos as nossas misérias, que temos noção de até que ponto daríamos a vida ou recusaríamos uma coisa boa que é má, em nome de Deus.

Ficar no colo de Deus é um gesto que deve ser diário, mas é ainda mais importante no momento da dor, do cansaço, da desilusão, da provação. Até se pode ter vergonha da verdade que a dor nos mostra de nós mesmos. Mas jamais devemos sentir vergonha em ir ter com Jesus. Ele ama-nos como somos. Ele já nos amava antes de conhecermos essa verdade. Por isso, nunca abandonemos o colo de Jesus. É Ele, e só Ele, que nos pode consolar e dar a mão para nos desviarmos (ou para nos levantarmos) do caminho errado.




sexta-feira, julho 11, 2025

 Esperança, ainda existes?

 


Caminhando, a pensar na vida, deparo-me com esta frase num cartaz de um seminário: “Transbordar de Esperança”. Esta palavra, Esperança, é cada vez mais uma prova de que o cristão é muitas vezes visto como um louco.

Como sentir/ter esperança num mundo de guerra, onde se matam crianças que vão pedir comida; onde se anunciam, publicamente, nomes de crianças, sem qualquer respeito pela sua privacidade, apenas por serem filhos de imigrantes; onde se trata o outro, sobretudo idoso e doente, como um fardo…

Se olharmos à nossa volta, vemos crianças que estão a ser recrutadas por grupos neonazis e satanistas; crianças e jovens que odeiam mulheres; pessoas de todas as idades que acreditam em todas as desinformações/mentiras que circulam nas redes sociais… Onde está a esperança no meio de tanta desgraça, de tanta falta de princípios e valores, inclusive por parte de quem se intitula cristão?

A esperança está nas palavras de Jesus: “No mundo tereis tribulações; mas, tende confiança: Eu já venci o mundo” (Jo 16, 33) Jesus não nos engana: não diz que tudo vai correr bem. Mas promete-nos a Vida Eterna. Hoje vivemos num caos, mas não podemos perder a esperança de que, um dia, Ele voltará e, após o julgamento com base no Amor (inclusive por quem ninguém quer Mt 25,31-46), vai dar a Vida Eterna a quem preservar.

Ajuda-nos, Jesus, a ter Esperança e a levá-la aos outros, em Teu nome!


segunda-feira, junho 30, 2025

 
Da alegria à dor em segundos

 


“Os baldes de água fria” surgem, sem aviso, na nossa vida. Podemos estar muito bem e, de repente, surge uma mensagem ou um telefonema que nos fazem cair no chão. Pode ser a morte repentina de alguém, abandono, traição…

São situações que, mesmo perante uma grande fé, nos abalam, nos angustiam... Não somos mais que o Mestre. Até Jesus teve esses momentos… Também Ele chorou. (Jo 11, 35)

O que fazer? Devemos orar, orar, orar. As palavras até podem não sair, mas basta ficar em silêncio perante Jesus ou ouvir alguma canção de louvor… Pode ser difícil, mas não podemos cair na tentação de não orar e/ou de meditar a Palavra de Deus, porque só Ele sabe a razão pela qual tudo aconteceu.

Há notícias más que, um dia, se poderão tornar uma bênção. Há outras que só iremos entender quando partirmos deste mundo. E há outras que ainda podem ter um revés.

Como nos diz Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11, 28-29)

Dai-nos, Jesus, força para “os baldes de água fria” desta vida! Ámen.

 


 

quinta-feira, junho 26, 2025

 

Lágrimas de alegria

 


Não contive as lágrimas, esta manhã. Mas eram lágrimas de alegria. Após muita oração, recebi uma grande notícia: uma amiga está curada do cancro. A Deus tudo é possível!

Muitas vezes não percebemos a razão pela qual temos de passar por certas dificuldades, mas “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8, 28). Tudo tem uma razão, mesmo quando o final não é o mais feliz. Neste caso, foi um final feliz.

Nunca nos devemos esquecer que:

- A Deus tudo é possível (Mt 19, 26);

- Deus nunca nos abandona, mesmo que até  a nossa mãe (ou pai) nos abandone (Is 49, 15);

- E, com o que nos acontece, Jesus pede-nos para sermos exemplo para outros. Neste caso concreto, o exemplo resume-se a duas mensagens: orar sem cessar, mesmo quando tudo parece negro e quando tudo parece impossível; e aproveitar as oportunidades que nos dão de cuidar da nossa saúde.

Cuidar do nosso corpo não é uma coisa má. É preciso pensar na saúde, fazer rastreios. Há quem tenha medo de rastreios ou ache que isso é só andar à procura de doenças. Pois, mas neste caso da minha amiga, foi um rastreio gratuito numa farmácia que lhe salvou a vida. Nada fazia crer que fosse cancro… Deus também nos pede para pensarmos na nossa saúde! O mandamento “Não Matar” implica esse cuidado…



 

 

 

quinta-feira, junho 12, 2025

 

Paira o ódio no ar...

 


É triste, mas o ódio começa a alastrar-se cada vez mais, com a conivência da maioria de nós. Abrimos a boca para criticar muita coisa – algumas sem qualquer sentido -, mas quando se trata de defender a vida de seres humanos ainda ficamos demasiado calados.

Jesus não se calava perante o mal, mesmo que isso O tenha levado ao sofrimento e à cruz. Mesmo que isso O tenha levado a deixar de ser tão popular e tão amado, como nos primeiros tempos de missão. Também, nós, não nos podemos calar ao ver que se insulta um irmão apenas por ser muçulmano, ou por ser negro, etc. O ataque de extremistas a um ator, vindo do nada, mostra como o ódio está no ar. 

Como cristã, como cidadã, não me posso calar perante o extremismo! As mensagens com meias-verdades ou totalmente mentirosas, com imagens produzidas ou retiradas de contexto, estão a pôr pessoas contra pessoas. Há autênticas máquinas de marketing mentiroso, a levar ao ódio. Marketing de partidos políticos, mas também de grupos neonazis e de grupos satânicos, que estão a fazer autênticas lavagens cerebrais aos jovens. Existem provas já de tudo isto e as autoridades internacionais têm lançado alertas, porque se estão a recrutar jovens na Internet para cometerem crimes de ódio. 

O que deve, então, um cristão fazer? Oração é sempre importante, como é lógico. Assim como o jejum/abstinência, a adoração, o rosário, a lectio divina. Mas, também, é preciso sair da ‘capelinha’ e falar de Deus, com palavras e gestos concretos. Não se trata de proselitismo, mas de mostrar que, mesmo que não se venha a entrar na Igreja, se pode seguir o exemplo de Jesus, que assenta na paz, no amor, no perdão e na aceitação do outro como ser humano, mesmo que não nos identifiquemos com a sua cultura.

Jesus está de braços abertos na cruz, não nos pede para cruzarmos os braços e virar a cara. É urgente espalhar a paz, o amor, o perdão! E isto faz sentido nas periferias geográficas e existenciais, mas também dentro da Igreja, onde grassa o ódio – disfarçado de zelo – pelos irmãos ditos ‘diferentes’, como o muçulmano, o imigrante … Onde está o amor de que tanto falam esses cristãos, que estão a ser levados pelo ódio, disfarçado em zelo apostólico?

Ajudai-nos, Jesus, porque, quando pedes para nos amarmos uns aos outros, não nos dizes para escolhermos este ou aquele, consoante a cultura, religião ou cor de pele! Pedes, sim, para amarmos todas as pessoas. Ámen.


quarta-feira, junho 04, 2025

 

 Um abraço especial

 


Hoje de manhã, saí do Metro e vi uma criança que acenou e sorriu para mim. Qual o meu espanto, quando começou a correr e me veio pedir um abraço. O seu sorriso era lindo!

Este menino com síndrome de Down estava com a mãe e a irmã. A doçura, a pureza e o amor daquela criança deixaram-me com lágrimas nos olhos. Naquele gesto tão genuíno e bonito, este menino permitiu-me sentir, logo pela manhã, o abraço de Jesus. 

Quantas vezes, se ouve dizer que jamais se aceitaria um filho com deficiência… Pois bem, este menino mostra-nos que vale a pena viver. E, pelo sorriso da mãe, percebi que ela tem o maior orgulho no filho. Tem o maior orgulho por, um dia, ter aceitado a sua vinda ao mundo.

Oremos para que não se caia na tentação de abortar uma vida. Pode-se estar a passar por uma fase complicada, mas a bênção de um filho dentro de nós é a luz ao fundo do túnel. Deixemo-lo viver, sorrir e distribuir abraços, por maiores que sejam as tempestades da vida…



quinta-feira, maio 29, 2025

 

Parar a agitação mental

Muitas vezes somos autênticas ‘Martas’ mentais. Marta estava agitada a tentar servir Jesus, num enorme stress, sem escutar o Mestre. A sua irmã, Maria, optara antes pelo mais importante: servir Jesus, escutando-O, aprendendo com Ele. (Lc 10, 38-42)

Há uns tempos senti, de forma particular, essa agitação dentro da minha cabeça. E com isso acabava por orar agitadamente, num frenesim interior, que se agarrava a mim de forma cruel. O assunto era importante e exigia reflexão na oração. Procurava fazer silêncio interior, mas não conseguia.

Dirigi-me, então, a um Confessionário e, além de me ter confessado, abri o meu coração e contei ao padre o que se passava comigo. Ele ouviu-me atentamente e, no final, começou por me dizer: “Andas muito agitada, tal como Marta. Mas agitada mentalmente e isso afeta a tua oração, a tua vida espiritual. Assim não vais encontrar a resposta.”

Naquele momento percebi que temos de refletir, em oração, mas isso não significa ficar obcecado, quase sem saborear a vida. É preciso parar, para não nos enchermos de ruído. E é preciso, também, pedir o aconselhamento a alguém que nos possa ajudar no discernimento espiritual.

Essa pessoa não tem de nos dar a resposta. Mas as suas palavras de sabedoria vão acalmar-nos, orientar-nos. Quantas vezes, as respostas/soluções de que precisamos estão ao pé de nós… mas não as vemos, porque somos ‘Martas” stressadas.

Convido-vos a rezar para que haja mais orientadores espirituais. Pois, se todos tivéssemos um, mais facilmente serviríamos ao Senhor…

 


sexta-feira, maio 23, 2025

 

 Amar sem cobrar nada

 


A homilia de hoje do Canção Nova tocou-me imenso. O padre lembra-nos que Jesus considerava os discípulos como seus amigos. Todos eles, mesmo Judas, que o traiu. Com este gesto, Jesus dá-nos uma grande lição: temos de abandonar a mania de amar à medida, ou seja, consoante o que o outro me dá.

Já o vamos fazendo, sem dúvida, com os filhos. Mas é preciso fazê-lo com todos, mesmo com quem nos vai trair. Jesus aceitou a liberdade de Judas, a sua escolha, por pior que ela fosse. Mas não deixou de o amar, porque o amor é o caminho da salvação, enquanto o ressentimento endurece o nosso coração, podendo levar-nos à morte eterna.

Que lição tão bela! Mas, também, que lição tão difícil de pôr em prática, sobretudo em determinados tipos de amor. Apesar da dificuldade, admito que a vida seria muito melhor se a vivêssemos desta forma.

Sendo esta a Vontade do Pai, peço-te, Jesus, ajuda-nos a amar sem cobrar nada dos outros. Ajuda-nos a aceitar o outro como ele é. Desta forma, o meu amor pelo outro vai torná-lo melhor. E, eu, também me tornarei melhor pessoa. Que a Mãe nos conduza neste caminho árduo de aprender a amar, tal como Jesus nos ensina. Ámen.

 Homilia na íntegra AQUI.