segunda-feira, outubro 30, 2006

É preciso parar e ouvir Deus


"Estou cansada. Tudo o que se faz é por hábito. Vai-se à missa por que é habitual, vai-se a Fátima por que é habitual, faz-se parte do grupo de jovens por que é habitual..."
Este é o sentimento de uma grande amiga minha. É uma pessoa com um coração extraordinário, mas, neste momento, está a passar por uma fase em que as coisas da Igreja lhe parecem distantes e robotizadas. Não consegue encontrar um sentido vivo para o que faz e isso provoca-lhe alguma angústia, porque a sua fé em Deus continua viva.

Às vezes também sinto isso. Mas acho que há uma razão: a falta de tempo para falar com Deus e para pensarmos, sob o Seu Espírito, naquilo que fazemos. Por vezes, estamos tão absortos nas nossas actividades paroquiais ou noutras que deixamos de ter tempo para pensar no que fazemos. Tudo por que não temos tempo para parar, estar em silêncio, rezar, falar com Deus. Ao contrário de Jesus, não temos por hábito sair para o monte e estar a sós com o Pai. A oração colectiva é muito importante, assim como as obras, mas e o Pai? É Ele que nos dá inspiração, força para continuar e nos aconselha qual o melhor caminho a seguir. Mas, como é que vamos saber qual é esse caminho, se não paramos para o ouvir?

segunda-feira, outubro 23, 2006


Será que confiamos mesmo em Deus?


Este domingo o padre da minha paróquia contou uma estória que nos lembra como, apesar de acreditarmos em Deus, desconfiamos tanto da Sua Palavra.

Um dia um alpinista ficou preso na montanha. Sem conseguir pedir ajuda, lembrou-se de Deus.
"Deus, se existes mesmo, salva-me!" O tempo passou e Deus disse-lhe: "Tira o teu canivete e corta a corda." O alpinista ficou indignado e disse, irritado: "Mas como é que é possível mandares-me fazer isso, se és Deus? Se corto a corda caio e morro!" Deus continuava a insistir que ele deveria cortar a corda. O alpinista, por sua vez, continuava a dizer que não o iria fazer e que a ideia não tinha sentido nenhum.

Chegou a noite, veio o frio, a chuva, o vento e o alpinista acabou por morrer. De manhã, quando chegaram lá os bombeiros ficaram estupefactos. O alpinista tinha morrido agarrado à corda, estando apenas a 1 metro do chão.

Quantas vezes não ouvimos Deus e não cortamos a corda? Infelizmente, acho que o fazemos vezes sem conta. Dizemos que confiamos em Deus, mas depois, na prática, onde fica essa confiança?

quarta-feira, outubro 18, 2006



"Deus em tudo e Sempre". As palavras são de S. Vicente de Pallotti, um santo que poucos conhecem, mas que fez muito pelos pobres. Ele sim, viveu o amor de Deus: entregou-se ao próximo, sem pensar em mais nada.
Assim é que devíamos ser todos. Não ter medo da entrega. Mas, regra geral, pensamos mais no nosso umbigo. Há sempre mil e uma desculpas para não darmos a mão a quem mais precisa. E, às vezes, os outros pedem-nos tão pouco: apenas um sorriso ou uma palavra amiga...

No outro dia encontrei um senhor, sem-abrigo, que me pediu uma moeda para comer. Dei-lhe mais do que isso: dei-lhe comida. Ele agradeceu bastante. Nesse dia estava a decorrer em Lisboa o Congresso da Nova Evangelização (ICNE). De repente, lembrei-me: vou falar-lhe de Deus. Perguntei-lhe se ele sabia o que se estava a passar ali. Conversa puxa conversa e o sr. disse-me que acreditava em Deus, mas que já não se lembrava de como se rezava o Pai-Nosso e a Avé-Maria. Então, expliquei-lhe que para se falar com Deus, basta dizer "Meu Deus, quero falar Contigo!". O sr. agradeceu-me. Nunca mais me esqueço do olhar dele. De repente era como se tudo tivesse ficado mais claro.

Acho que, às vezes, complicamos demais e mostramos a imagem de um Deus afastado de todos. Devíamos mostrá-Lo nos gestos mais simples: uma palavra amiga com quem ninguém fala, num sorriso, enfim... em gestos de Amor. Afinal, não foi isso que Deus nos pediu? "Amai-vos uns aos outros!" Como o mundo seria muito diferente...

Já para não dizer que é uma das formas mais bonitas de conseguirmos viver com Deus em tudo e sempre.