domingo, outubro 22, 2023

 

 Mesmo sem comungar, era amada por Deus

 


Uma das grandes questões dentro da Igreja é quem pode ou não comungar. É importante, sem dúvida, porque Jesus disse que aquele que O tomar indevidamente será réu do Corpo e Sangue de Cristo (1 Co 11, 23-34). Mas quando se fala desta questão, devíamos lembrar-nos também de dizer: mesmo quem não comunga é amado por Deus.

Também há uns anos passei por esta situação. Não podia comungar. Dói, não é fácil, mas conhecia a Palavra de Deus e só tive de ter a humildade de aceitar. Nesse tempo – que já lá vai, graças a Deus – tive a graça de nunca me sentir abandonada por Deus. Não consigo explicar bem por palavras. Só sei que sentia que Deus me dizia que, apesar da minha queda, Ele não desistia de mim e amava-me.

Compreendo bem o que se sente quando não se pode comungar e percebi como é tão importante transmitir este amor de Deus. Mesmo quem não comunga pode ser Igreja, realizar obras em e na Igreja - mesmo que alguns ministérios não lhe sejam permitidos.

Acho que falhamos muito, enquanto Igreja, neste ponto. Apontamos o dedo, rotulamos os nossos irmãos e irmãs e impedimo-los de sentirem o amor e a misericórdia de Deus com essa atitude.

Há vidas e vidas. Imaginemos uma mulher que volta ou descobre Jesus. Vive em união de facto e tem filhos. O companheiro não quer seguir Jesus e recusa-se ao matrimónio. O que faz esta mulher? Separa-se? Se o fizer, quem mais sofre são os filhos. Há quem diga que se deve abster de ter relações sexuais. Mas isso, todos sabemos, vai levar à separação…

O que esta mulher precisa é de uma Igreja que a acolha, que ore com ela pela conversão do companheiro e que lhe diga de que forma pode ajudar em e na Igreja. Porque ela é muito amada por Jesus. Não tem que sofrer, achando que é um caso perdido e que jamais pode ser Igreja ou sentir-se filha muito amada pelo Pai.

Deixemos os rótulos, as portas fechadas! Os julgamentos cabem a Deus, que sabe o que está no coração e por que razão houve esta ou aquela queda ou por que razão uma pessoa sentiu o chamamento de Deus apenas a partir de certa idade.


quinta-feira, outubro 19, 2023

 

Amar o inimigo evita a morte de inocentes


Quando penso nestas guerras todas, que levam a atrocidades tão grandes como ataques em hospitais ou decapitação de crianças, só penso como o mundo seria muito melhor se todos aceitassem a proposta de Jesus: "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" 

Mt 5, 44


sábado, outubro 14, 2023

 

Não baixemos os braços perante tanto ódio



Na escola aprendemos como nos tempos dos reis se maltratavam os escravos. Eram torturados, passavam fome, não tinham assistência médica… Ficamos escandalizados e pensamos: naquele tempo era tudo terrível. Não havia dó nem piedade.

Pois não! Mas o pior é que hoje, em pleno século XXI, quando se fala de Direitos Humanos, ainda temos grupos que decapitam e queimam crianças na maldita guerra entre Israel e Palestina. Temos pessoas a morrerem de fome e de sede, em Mariupol, na guerra da Ucrânia. Temos genocídios no Sudão, temos… Enfim, até em Portugal temos tanta desgraça…

Há quem diga: isto não vale a pena! Que se lixe, vamos todos morrer, vou manter-me aqui no meu cantinho e paciência… Pois bem, não concordo: perante tanta atrocidade é preciso dar um murro na mesa para afugentar o desânimo. Temos de arregaçar as mangas e continuar a lutar contra a maldade.

Nós, cristãos, em particular, não podemos parar de divulgar e pôr em prática os ensinamentos de Jesus. Devemos empenhar-nos ainda mais na oração, no jejum/abstinência, na oração do rosário, na adoração, na leitura da Palavra de Deus. Tal como Moisés, não podemos baixar os braços (Ex 17, 11-13), porque Jesus também não o fez.

Não se trata de uma utopia, mas da esperança cristã. A nossa oração pode salvar uma pessoa da morte eterna ou pode impedir que alguém sofra mais. O mal quer-nos desanimados, mas nós temos de nos erguer e continuar de pé em oração!

A Mãe pede para rezarmos o terço todos os dias pela paz. Se não o fazemos ainda, comecemos a fazê-lo. Inicialmente, pode parecer difícil e até aborrecido – para quem ainda não descobriu a beleza desta oração -, mas isso não deve demover essa pessoa. Continue, peça a graça de não parar, porque os nossos irmãos precisam de nós…


 

sábado, outubro 07, 2023

 

Na Igreja és tradicionalista ou progressista?



Eis a questão dos últimos tempos. Pois bem, a minha resposta é esta: sou cristã católica e acredito numa Igreja una, santa e católica (universal). Obviamente, não vou tapar o sol com a peneira: existem ideologias na Igreja desde sempre. Esta dicotomia entre tradicionalista e progressista já vem desde os tempos da Igreja primitiva (com outras designações, claro).

O problema é quando se instala a desunião, os ataques verbais a uns e outros, como se a Igreja fosse exclusivamente dos tradicionalistas ou dos progressistas.  É preciso escutar-nos uns aos outros e tentar perceber, sob ação do Espírito Santo, o que deve mudar ou manter-se na Igreja. Neste caso, não me refiro à Sua Palavra que é, obviamente, imutável. Falo antes de maneiras de expressar a fé. Uns levantam os braços, outros usam véu, uns falam em latim, outros na língua materna…  Por exemplo: para uns, a Missa tridentina é a “correta”, para outros a “incorreta”. Mas por que temos de pensar assim? Desde que haja respeito...

Vejam isto: Deus tem-me encaminhado muito para aqueles que ninguém quer e que estão afastados da Igreja. E, como qualquer pessoa, têm vidas cheias de matizes, não se ficam pelo preto ou branco. A Missa tridentina, por causa da sua formalidade (não digo isto num sentido pejorativo, note-se), não atrai quem está afastado. Não é uma questão de estar certo ou errado, apenas não se sentem acolhidos, porque desconhecem ainda muito a Palavra de Deus. Andam às apalpadelas…

Mas, para outras pessoas, esta Missa é onde se sentem realmente bem. E então? Qual é o problema? Por que não podemos todos conviver na mesma Igreja, unidos em nome de Deus? O próprio Jesus adaptava o seu discurso consoante quem O ouvia. Note-se: não mudava o que o Pai ensinava, apenas falava e agia consoante os conhecimentos e a vida de cada um.

Vem esta reflexão a propósito do sínodo que estamos a viver. Há muitos medos e expectativas sobre as principais questões que estão em cima da mesa. Medo que a Igreja deixe de seguir a Palavra de Deus, medo que nada mude, esperança em se conseguir X ou Y. Falar, expor o que nos vai na alma não é um problema e basta ler na Bíblia Atos dos Apóstolos para vermos como a Igreja já se reunia para debater certas questões (At, 15, 1-6). Exemplo disso foi a questão da circuncisão. 

Como nesse tempo, não deixemos a ideologia falar mais alto, porque somos Igreja de Deus, não somos membros de um partido político. Todos juntos unamo-nos em oração e jejum/abstinência para pedir que o Espírito Santo traga o que é melhor para a Igreja dos nossos tempos.


domingo, outubro 01, 2023

 

 

Seguir Jesus numa alegre liberdade



Hoje, de manhã, a Joana fez os seus votos perpétuos como missionária comboniana. A sua missão é no Sudão do Sul, a terra de S. Daniel Comboni. Conheci esta grande amiga no Fé e Missão, o grupo de jovens dos Missionários Combonianos. Foram tempos maravilhosos de missão, com muita dedicação, em especial, ao nosso querido Bairro do Barruncho. Um bairro de barracas, onde fiz vários amigos e onde vivi e li a Bíblia…

O sorriso deslumbrante da Joana, em toda a Eucaristia, arrepiou-me e, confesso, jorraram lágrimas de alegria. Olhando para ela, via uma mulher livre e alegre, apesar das missões em terras de guerra e de fome. A sociedade olha para os consagrados como uns “coitadinhos”, “totós”, que vão para “esta vida” porque tiveram um grande desgosto de amor. Como estão errados!

Hoje, olhando para a minha amiga, percebi algo essencial para um cristão: a liberdade (alegre) em seguir Jesus. Uma liberdade que liberta, que nos leva, mesmo no meio de muitos espinhos, a não parar de levar a Boa Nova. Como seria bom que houvesse maior aposta no discernimento de vocações para todos sentirmos esta liberdade e esta alegria que, mesmo na cruz mais pesada, nos leva a caminhar para e com Jesus.

Isto vale para os consagrados, mas também para outras vocações: seculares, matrimónio, solteiros celibatários… Peçamos ao Senhor mais trabalhadores para a messe (Mt 9, 37-38), mas, antes disso, peçamos luz para saber como podemos melhorar nesta questão do discernimento da vocação…

Oremos pelas missões, oremos pela Joana! Que Jesus a encha de bênçãos e que a Mãe a proteja sob o seu Santo Manto. Ámen.