segunda-feira, janeiro 28, 2019


Deus não é contra a medicação! Cuidado com os pedidos de algumas seitas!



O homem entrou no consultório do cardiologista dizendo que tinha deixado de tomar os medicamentos para a hipertensão porque tinha “finalmente tomado posse da bênção de Deus”. Mal olhou para ele, o médico percebeu que ele estava pior da doença cardíaca.

Li este caso há pouco tempo num livro do cardiologista Enrique Roque Savioli, que é católico e missionário da Canção Nova, e que quis com este exemplo alertar as pessoas para NÃO DEIXAREM A MEDICAÇÃO RECOMENDADA PELO MÉDICO.

Com este exemplo lembrei-me de algumas seitas que incitam as pessoas a deixarem de tomar medicamentos, fazendo com que se sintam culpadas por não acreditarem que Jesus as está a curar.

Como alerta este médico, isto não faz qualquer sentido. Na própria Bíblia, logo no Antigo Testamento, está escrito:

“Honra o médico por causa da necessidade, pois foi o Altíssimo quem o criou”
Eclo, 38, 1 

“O Senhor fez a terra produzir os medicamentos: o homem sensato não os despreza”
Eclo, 38, 4 

Isto é muito sério! E não é apenas em seitas religiosas que isto acontece, mas também nas chamadas “bruxas” ou até em práticas ditas alternativas e que não são regulamentadas.



quinta-feira, janeiro 24, 2019


Um único comentário e … nunca mais voltou à Igreja…




Naquela manhã de domingo fomos à Missa. Para M. era um voltar ao seio da Igreja. Há muitos anos que não ia, porque achava que na Igreja só há hipocrisia e pessoas que vão lá só para cumprir preceito, não se importando com a mensagem de amor e de perdão de Jesus. Por mais que lhe dissesse que não somos todos iguais e que a imperfeição faz parte desta vida, ele não entendia determinados comportamentos.

Mas naquele dia, sem eu estar à espera, pediu-me para ir com ele à Missa. Tudo correu bem, exceto no final… Já estávamos a entrar no carro, quando se ouviu uma senhora a dizer: “Aquela dá sempre nas vistas... Aquela roupa, aquele chapéu nunca passam despercebidos.”

Naquele momento, ele vira-se para mim e diz-me: “Estás a ver! Eu tenho razão. Esta mulher está a sair da Missa e está a gozar com alguém que se vê perfeitamente que tem uma doença mental e que por isso é que se veste assim…”

Naquele momento senti uma enorme vergonha e tristeza. Obviamente que aquele comentário não estava correto… Voltei a relembrar que não somos todos iguais e que todos erramos… Mas para ele foi difícil, principalmente porque também ele sabe o que é gozarem com o seu problema de saúde mental.

Já passaram 4 anos e M. nunca mais voltou à Igreja… Costumamos desvalorizar cada um dos nossos erros, mas a verdade é que um único erro pode afastar ainda mais uma pessoa da Igreja e de Deus. Obviamente que todos nós, sem exceção, transmitimos má imagem de Jesus, todos os dias, ou não fôssemos imperfeitos. Mas se calhar acabamos por desvalorizar muitas vezes o impacto das nossas ações. Pelo menos falo por mim. Quantas vezes já não contribuí para que os meus irmãos e irmãs em Cristo se afastassem da verdadeira Vida…
Às vezes com a desculpa de que sempre fui assim…

Resta-me orar por este irmão para que perdoe e para que volte ao colo de Quem lhe quer dar vida e vida em abundância. (Jo 1, 10)

sexta-feira, janeiro 18, 2019


Quero ir aonde ninguém quer, Jesus! Que saudades do Bairro do Barruncho…




É com um sorriso rasgado e com os olhos a brilhar que a M. nos recebe na sua casa. A demência não lhe permite ter plena noção de tudo o que faz, mas ela sabe que aquele dia é especial. Há muito que a M. pedia à família para que o padre fosse a sua casa, uma barraca num bairro pobre. Já não conseguia dizer coisa com coisa, mas sabia que o padre estava ali. Só falava crioulo e mal se entendia, mas o seu sorriso dizia tudo.

Este foi dos momentos que mais me marcaram no Bairro do Barruncho, onde entrei pela primeira vez com os Missionários Combonianos. Já lá vão uns anos, mas é impossível esquecer aquela terra de missão, como gosto de dizer. Vivi momentos muito duros, fui a funerais, vi muito sofrimento… Não me esqueço também do frio que se entranhava nos ossos enquanto dávamos explicações às crianças dentro daquelas barracas, onde nenhum ser humano devia viver. Não me esqueço também do esgoto no largo onde as crianças costumavam brincar…

Mas todos esses momentos menos bons não ofuscam o sorriso da M. e de todas aquelas crianças… O Barruncho mostrou-me a beleza de Deus no meio da pobreza, no meio daqueles que ninguém quer e que são estigmatizados e rejeitados pela sociedade. Pessoas como eu e tu… Filhos de Deus, nossos irmãos em Cristo. Pessoas que nos habituamos, mesmo inconscientemente, a colocar do outro lado. Eles e nós… Como se isto fizesse algum sentido…

Foi dos sítios onde mais li a Bíblia na vida de cada irmão em Cristo. Mesmo quando o cansaço quase me derrubava, sentia os braços de Jesus a erguerem-me… Percebia claramente que Jesus me dizia: “É aqui, junto de quem ninguém quer, que te peço ajuda!”

Ainda ontem senti isso ao encontrar a F. no Hospital, onde trabalha. Mais uma vez o meu coração se sentiu apertado de tantas saudades que tenho desses tempos do Barruncho… Mais uma vez disse a Jesus: “Sim, leva-me até quem ninguém quer, aos lugares onde fazes mais falta, aos lugares onde a exclusão social não tem que ter a última palavra…”

Aqui, estou, Jesus! Não sei o que me espera, só sei que essa é a Tua vontade! Senti isso desde o primeiro dia que entrei no Barruncho, senti isso no dia do acidente e sinto cada vez mais a cada dia que passa… Molda-me, como barro, e conduz-me onde precisas da minha ajuda! Ámen.


quinta-feira, janeiro 17, 2019



"Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!" Mt 14,22-33




Não resisto em partilhar. :) 

"Na nossa vida sempre haverá tempestades, pois as maiores não são as tempestades externas, mas as tormentas interiores. Mas o que não pode acontecer é estarmos sozinhos sem Jesus, sem companheiros de caminhada. A nossa fé sempre será provada, é assim que a gente amadurece, cresce. São tantos fantasmas no caminho, mas não podemos nos enganar e confundir a Deus. O mais importante é reconhecê-lo, manter os olhos fixos no Senhor e clamar a salvação. Ter a coragem de nadar contra maré, assumir o sofrimento e ouvir dos lábios do Senhor as Palavras da salvação: Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!" P.e Luizinho




sexta-feira, janeiro 11, 2019

O abraço da “senhora incómoda” que cura com amor 

 





Deve ter perto de 70 anos, mas já há alguns que não sabe quem é. É assim a doença… Quem olha para ela diz que é a “maluquinha” e foge dela por ser “incómoda”. A doença mental continua a não ser aceite pela sociedade…

Mas esta senhora não perdeu a noção de um verdadeiro abraço. Chegando ao pé de mim, sorriu, olhou-me cheia de ternura e abraçou-me! Meu Deus, que abraço tão bom, tão puro, tão verdadeiro!

Naquele momento lembrei-me do abraço de um familiar bem próximo, que me devia ter protegido sempre… Tinha 7 anos. Como foi diferente… Apesar da ligação de sangue e do dever de me proteger, abraçou-me de forma fria, forjada. Senti logo que algo estava errado naquele abraço. Rapidamente percebi porquê: estava uma vizinha à janela e convinha passar a imagem de amor e de proximidade para ficar bem na fotografia…

Desde então que sinto dificuldade em abraçar alguém, admito. O meu filho é o único abraço que recebo mesmo de braços abertos. Sei que os outros não têm culpa do que me aconteceu aos 7 anos, mas fiquei sempre com esta dificuldade.

Mas o abraço desta senhora foi o começo da minha cura quanto a esse sentimento de desconfiança permanente de quem me queira abraçar. Percebi que Jesus me abraçava naquele momento através daquela senhora, daquela minha irmã em Cristo, e que me dizia: “Perdoa aquele abraço mal dado, olha em frente e deixa que o amor renasça em Ti. Já te tinha enviado o teu filho para te curar desse abraço, assim como as crianças das missões… Agora enviei mais esta senhora, percebes?”

Jesus é maravilhoso! Resta-me agradecer e pedir-Lhe que me ajude no que resta desta lembrança amarga, para realmente perdoar de todo o coração, tal como gosto de ser perdoada.


quarta-feira, janeiro 09, 2019




E os cuidadores informais, Jesus?




Estava no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, à espera para fazer uma reportagem. Como estava um frio de rachar, fugi para um cantinho da entrada das Consultas Externas. Preparava-me para ler a revista, quando olho para uma senhora, que devia ter 80 ou mais anos, que mal conseguia andar.

Fui ter com ela e enquanto a ajudei a ir até aos elevadores, foi-me contando que estava ali sozinha com o marido, também ele com certa idade. Estava a tentar chegar ao pé dos elevadores, enquanto o marido arrumava o carro. Não tinham ali mais ninguém.

A senhora mal conseguia falar, mas fazia questão de sorrir e de contar a sua história. Teve de parar várias vezes no caminho, porque tinha problemas de coração e as próteses na coluna já não a ajudavam. Precisava mudá-las, mas ninguém a operava por causa do coração.

Naquele momento senti vontade de chorar por estarmos numa sociedade que abandona cada vez mais os idosos, apesar de o envelhecimento da população ser uma realidade bem vincada nos dias de hoje.

Não sei o que se passa com a família dela, mas do muito tempo que passo em unidades de saúde sei que há a possibilidade de esta senhora ter um filho ou uma filha que até gostaria de estar ali a ajudá-la, mas não pode por correr risco de perder o emprego.

É verdade! Há casos de abandono, mas também existem outros deste tipo. Os familiares querem ajudar, mas não podem estar sempre a tirar dias. E no meio desta sociedade de redes sociais virtuais acabamos por viver muito sozinhos, sem redes sociais…

Além de tristeza, senti revolta ao pensar que nunca mais avança o Estatuto de Cuidador Informal. Há dinheiro para tudo, menos para o que é mais importante. E assim continuamos a ver muitos familiares a viver mal por serem obrigados a ficar sem emprego para tomar conta de uma mãe, pai ou filho ou idosos ou pessoas muito doentes que são obrigadas a ir sozinhas ao médico, mesmo que mal consigam arrastar os pés…

Resta-me recorrer a Ti, Jesus! Olha por todas estas pessoas. Dá-lhes força! Quanto aos decisores que podem mudar esta realidade, tira-lhes as escamas dos olhos, para que possam ser mais rápidos quando se trata de políticas sociais! Ámen.  



sexta-feira, janeiro 04, 2019


E quando o desespero é sinal de fé e de amor por Jesus…





Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste? Mc 15,33 Para mim, este é o momento em que Jesus mais demonstra a Sua humanidade… É este e quando está no Monte das Oliveiras e, suando sangue, pede ao Pai que afaste aquele cálice. Chega a referir que “a minha alma está numa tristeza mortal”. Mc 14, 34

Naquela hora, Jesus mostra que é próprio de cada homem e mulher desesperar perante muito sofrimento e a morte. Não um desespero sem esperança, porque mostra logo de seguida a Sua entrega Mc 14, 36; mas não deixa de ser um momento de desespero.

Insisto muito nesta questão, porque nunca concebi que desespero tem de ser, sempre, sinónimo de falta de fé e de amor por Deus. Pode ser, sem dúvida. Mas também pode não ser.

Há muitos anos que sofro de ansiedade generalizada e síndrome de pânico. Apesar de o problema estar controlado – há sempre altos e baixos quando se torna crónico - não me esqueço de quando, em pleno sofrimento, me diziam: “É falta de fé.” Só quem sabe o que é um ataque de pânico, o que é a angústia da depressão é que consegue perceber que não é falta de fé.

Nas crises mais fortes era levada de urgência para o hospital e lembro-me que aquelas palavras me feriam o coração. Sei que não era por mal, mas doía. Nesses momentos nunca perdi a fé. Aliás, foi quando me senti mais próxima de Jesus e quando senti que a minha oração era simples, humilde, própria de uma criança.

Por isso peço a Jesus que nos ajude a ver que desespero não tem de ser falta de fé e de amor, mesmo que não compreendamos a reação do nosso irmão ou irmã em Cristo perante o sofrimento. Porque, muitas vezes, o sofrimento é tão atroz, tão profundo, que o simples facto de continuarmos a amar Jesus já é a prova de que esse desespero visível aos outros vem acompanhado de uma grande entrega a Deus.