Mesmo sem comungar, era amada por Deus
Uma das grandes questões dentro da Igreja é quem pode ou
não comungar. É importante, sem dúvida, porque Jesus disse que aquele que O
tomar indevidamente será réu do Corpo e Sangue de Cristo (1 Co 11, 23-34). Mas quando
se fala desta questão, devíamos lembrar-nos também de dizer: mesmo quem não
comunga é amado por Deus.
Também há uns anos passei por esta situação. Não podia comungar.
Dói, não é fácil, mas conhecia a Palavra de Deus e só tive de ter a humildade
de aceitar. Nesse tempo – que já lá vai, graças a Deus – tive a graça de nunca
me sentir abandonada por Deus. Não consigo explicar bem por palavras. Só sei
que sentia que Deus me dizia que, apesar da minha queda, Ele não desistia de
mim e amava-me.
Compreendo bem o que se sente quando não se pode comungar e
percebi como é tão importante transmitir este amor de Deus. Mesmo quem não
comunga pode ser Igreja, realizar obras em e na Igreja - mesmo que alguns
ministérios não lhe sejam permitidos.
Acho que falhamos muito, enquanto Igreja, neste ponto.
Apontamos o dedo, rotulamos os nossos irmãos e irmãs e impedimo-los de sentirem
o amor e a misericórdia de Deus com essa atitude.
Há vidas e vidas. Imaginemos uma mulher que volta ou
descobre Jesus. Vive em união de facto e tem filhos. O companheiro não quer
seguir Jesus e recusa-se ao matrimónio. O que faz esta mulher? Separa-se? Se o
fizer, quem mais sofre são os filhos. Há quem diga que se deve abster de ter
relações sexuais. Mas isso, todos sabemos, vai levar à separação…
O que esta mulher precisa é de uma Igreja que a acolha, que
ore com ela pela conversão do companheiro e que lhe diga de que forma pode
ajudar em e na Igreja. Porque ela é muito amada por Jesus. Não tem que sofrer,
achando que é um caso perdido e que jamais pode ser Igreja ou sentir-se filha
muito amada pelo Pai.
Deixemos os rótulos, as portas fechadas! Os julgamentos
cabem a Deus, que sabe o que está no coração e por que razão houve esta ou
aquela queda ou por que razão uma pessoa sentiu o chamamento de Deus apenas a
partir de certa idade.
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