Ser santo com teletrabalho, telescola, refeições, filas para o pão…
Eis-me em plena entrevista ao telefone
com uma médica, quando surge o meu filho: “Mãe, como é se faz este exercício?”
Naquele momento, só pensei que a gravação ia ficar cortada, mas não consegui
repreendê-lo, porque o seu olhar foi de quem se tinha lembrado, de repente, que
a mãe está em casa a trabalhar e que ele está em casa a estudar…
Este é o nosso mundo novo perante esta
pandemia que obriga mães e pais a conjugar teletrabalho, telescola, alguns “TeleATL”
e “Teleatividades extra”, além das refeições, da roupa, da limpeza, da
brincadeira que tem que existir, das filas para ir buscar apenas pão… Pior
ainda quando estão os dois pais em teletrabalho e, além do filho a estudar, há
outro mais pequeno, cheio de energia.
E o que não dizer de quem tem que
deixar os filhos em casa para ir para a linha da frente, como profissionais de
saúde – alguns há semanas e semanas que não os podem sequer abraçar -,
autoridades, decisores, profissionais da limpeza, do lixo, das entregas
takeaway, etc.
De facto, são momentos difíceis. Mas já
pensaram como podem ser de santificação e de louvor a Deus? Para quem está em casa,
tem a família consigo e no meio dos muitos ‘cabelos em pé’, há também muito
amor. E é com base nesse amor que podemos praticar mais vezes o perdão,
aprender a não julgar tanto os outros, a compreender as suas fragilidades e
dificuldades, a criar mais harmonia e paz no lar…
Quem tem de sair para a linha da frente
mostra como está a ajudar os outros. Não importa se é a ventilar um doente ou a
limpar um chão. Ambas as tarefas são fundamentais… Num hospital, quando se transfere
um doente com COVID-19, a funcionária da limpeza tem de acompanhar, para ir
limpando o chão à medida que a maca vai a passar….
Não nos esqueçamos também de louvar a
Deus por termos acesso aos sacramentos e às orações através da internet, da TV
ou da rádio. Há mil e uma ofertas e até podemos, no meio do caos, participar
mais vezes na Eucaristia ou na Adoração ao Santíssimo! Isto é maravilhoso!
Hoje, e todos os dias, desafio-vos a
olharem para o lado bom desta pandemia, mesmo quando tudo parece estar a
desmoronar-se à nossa volta. Para quem perdeu o emprego ou um ente querido é
mais difícil, obviamente. Mas lembrem-se que “O Senhor é o meu pastor; nada me
faltará!” (Sl 23) e que “Tudo
concorre para o bem daqueles que amam a Deus”. (Rm 8, 28)
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