sábado, setembro 09, 2023


 

Quando a desgraça é a salvação


O sismo em Marrocos fez-me voltar uns anos atrás, quando houve uma catástrofe idêntica. Não me recordo do país, mas lembro-me como se fosse hoje a foto de uns escombros onde se via a mão de uma mulher a segurar o terço.

Quantos terão olhado para aquela imagem e terão questionado? “Onde está o teu Deus?” ou “Onde estás, meu Deus?” Aquela mulher era crente, ainda conseguiu agarrar o terço - ou estava a rezá-lo no momento do abalo -, mas não sobreviveu.

São histórias como esta que levam a uma crise de fé ou até ao abandono de Deus. E porquê? Porque nos habituámos, desde pequenos, a ver a fé como um escape ou como uma superstição. Não fomos habituados a viver a fé como uma relação de amor entre nós e Deus, que nos leva a amar o próximo. Devíamos aprender desde pequenos que Jesus não prometeu o fim do sofrimento nesta vida. Ele disse: “No mundo, tereis tribulações; mas, tende confiança: Eu já venci o mundo!” (Jo 16, 33)

Na cruz, Jesus foi visto como um desgraçado, um fracassado. Mas aquele momento de dor atroz era afinal a chave para a salvação de cada um de nós. Não foi uma derrota, mas a maior vitória.

O terço na mão daquela senhora pode mesmo ter sido a grande chave para ela e outros entrarem diretamente no Céu ou para diminuírem as suas penas no Purgatório. Pode ter sido a forma de evitar que ela sofresse ainda mais, porque, após um sismo, vêm outros problemas maiores como fome ou doenças infeciosas graves e letais.

Que Jesus nos ajude a olhar para as cruzes deste mundo com os Seus olhos, porque somos demasiado fracos - sobretudo nas grandes desgraças. E que console a dor destes nossos irmãos que perderam entes queridos e, nalguns casos, tudo o que tinham. Que dê força a quem possa estar soterrado e a todos aqueles que estão a ajudar, como bombeiros, médicos, enfermeiros, entre outros.


 

 

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