domingo, março 27, 2011


Amar sem pré-requisitos!


"Vocês gostam uns dos outros naturalmente. Que estranho!" Estas palavras foram ditas por uma amiga de uma colega minha do trabalho. Reagia, assim, perante o ambiente que se vivia no grupo de jovens da paróquia. Um comentário que nos faz lembrar o que se dizia da Igreja primitiva: "Vede como eles se amam!".


Precisamos melhorar ainda muito para sermos como as primeiras comunidades cristãs, mas continua a existir uma boa parte da Igreja que vive assim, amando-se naturalmente. Infelizmente é uma realidade que só é visível in loco e que não aparece nos grandes meios de comunicação social.


Há pouco vim de um encontro com a comunidade franciscana (padres, frades, leigos) que está em Chelas (Igrejas Santa Beatriz da Silva, Santa Clara de Assis, São Maximiano Kolbe). Eu e a minha mãe éramos as únicas que não pertencíamos aquela comunidade paroquial. Mas nem o sentimos. Fomos acolhidas com muito amor e simplicidade. Senti mesmo que era Cristo a acolher-nos através daqueles irmãos.


É uma zona com diversos problemas de droga e violência, mas com este viver em comunidade, cheios do Espírito Santo, têm ajudado pessoas a sair da droga e a tomarem um rumo novo. Têm, também, evitado a solidão de muitos idosos e doentes, para além de muitas outras coisas.


Obviamente que não são perfeitos. Mas é muito bom ver, viver e sentir o Espírito Santo num grupo de cristãos que, com todos os seus defeitos e virtudes, conseguem unir-se e levar o Amor de Jesus a quem mais precisa. A quem mais precisa e que vive numa cidade frenética, onde não se pára e onde o amor pelos mais marginalizados é considerado, muitas vezes, uma aberração.


Agradeço a Jesus pelos momentos de silêncio, convívio e partilha que vivi com esta comunidade. Oro por eles e por todos os seus para que continuem a não ter vergonha de ser cristãos. E oro para que não tenhamos vergonha da nossa fé e de amar naturalmente, sem pré-requisitos.


terça-feira, março 15, 2011

Dai-nos, Jesus, a graça do Amor!


Não vejam este texto como um julgamento, mas como uma forma de pensarmos nas situações em que não nos conseguimos doar aos outros (ou seja, a Jesus), principalmente quando se trata daqueles que nos são mais próximos e que exigem uma atenção constante. Que este episódio que vos conto, nos ajude a meditar, nesta Quaresma, no tipo de entrega que temos para com os outros, ou seja, para com Jesus. Não esqueçamos que no nosso melhor pano, pode cair a nódoa …

A confusão em dias de greve de transportes é enorme. O autocarro estava a abarrotar e éramos autênticas «sardinhas em lata». Um senhor, que ia ao meu lado, tombou e desmaiou. Lá conseguimos sentar o senhor e chamar a ambulância. O autocarro parou e ajudamo-lo a sair e a sentar-se no banco da paragem.

O problema é que ninguém quis ficar com o senhor. Fiquei atónita. Estávamos todos atrasados, mas aquele senhor estava mal! Não tinha ninguém ali! Acabei por sair do autocarro e ficar à espera da ambulância. Vim a saber que o senhor tem um tumor na garganta, piorou nos últimos tempos e vai ser operado para a próxima semana.

Este episódio fez-me pensar nestas questões e que podem servir de mote para esta Quaresma:

- A quem é que não dou esta atenção, desprezando o próximo, ou seja, Jesus? Não é falsa modéstia da minha parte, acreditem. Todos nós erramos quando se trata de nos doarmos aos outros. E as maiores faltas são muitas vezes com aqueles que estão mais próximos de nós e que exigem uma maior entrega, noites mal dormidas, mais paciência … É bom pensar nisto, porque onde achamos que nunca vamos errar, é quando, por vezes, erramos mais …

- Jesus diz: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lc 11,13 Será que O pedimos todos os dias e várias vezes ao dia, principalmente nas situações de maior tentação?

- Independentemente de sermos crentes ou não, para aonde caminhamos como sociedade, se continuamos a agir apenas em função de nós, sem pensarmos nos outros?

Apesar de tudo, tal como Jesus, tiremos o bem do mal e pensemos neste episódio como uma forma de melhorarmos a nossa caminhada quaresmal. Rezemos por situações como esta, pensemos nos momentos em que não nos conseguimos doar aos outros e os desprezamos (desprezando, portanto, Jesus) e oremos por este senhor que tanto precisa da nossa oração.

E não nos esqueçamos do que é ser cristão: “"Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros."
Jo 13, 34-35

sexta-feira, março 11, 2011

Quadragésima.com 2011

O tempo da Quaresma é um tempo de descoberta da nossa identidade como cristãos. É um tempo de encontro connosco próprios e com Deus. É um tempo especial de introspecção e reflexão. Porque não havemos de o fazer aqui, na net, e de uma forma mais comunitária, ajudando-nos uns aos outros?! Deste objectivo nasceu em 2008 esta proposta, a “quadragésima.com” no Confessionário.

Regras da quadragésima.com:

1. Ao receber a “quadragésima.com” o blogger deve reflectir na sua relação com Deus e descobrir uma frase bíblica que a defina
1.1- só se admitem frases retiradas, com citação, da Bíblia;
1.2- as frases devem ser o mais curtas possíveis;
2. Depois de o fazer deve re-escrever num post estas regras, as frases já assinaladas pelos anteriores bloggers (com o respectivo link), e escrever a sua;
3. No post deve incluir quem deseja convidar (pode e deve manifestá-lo no blog da pessoa convidada);
4. Não é permitido fazer mais que um convite ao mesmo tempo;
5. O blogger que, recebendo a “quadragésima.com”, não estiver interessado em aceitá-la, deve indicá-lo ao seu emissário para que este lhe dê seguimento através de outro blogger;
6. Não podem aceitar mais que uma vez a “quadragésima.com”; se o convite aparecer, mesmo vindo de outra “frente”, devem igualmente informar o emissário do segundo convite;
7. Baseada nalgumas das principais figuras da liturgia da Quaresma, a “quadragésima.com” realiza-se em 3 frentes: frente “Adão” (I Domingo); frente “Abraão” (II Domingo); frente “David” (IV Domingo); estas frentes funcionarão quase como equipas, para tentar chegar ao maior número de bloggers possível (não se trata de encontrar vencedores, mas empenhados)
8. A “quadragésima.com” será encerrada na Sexta-feira Santa, dia 22 de Abril, pelas 12.00 horas, hora em que o último blogger receptor deve endereçá-la, já com a sua frase, a este endereço, para publicitarmos todas as frases que definem a nossa relação com Deus nesta Quaresma de 2011.
9. Os “anónimos” interessados em participar nesta “quadragésima.com”, podem escrever as suas frases no sítio do Confessionário dum Padre, aqui, identificando-se.


Assim, a Fa do Partilhas em Fá Menor convidou-me para a frente “Adão”, e eu convido o Confessio XXI a dar-lhe continuidade.

Obrigado por aceitares a "quadragésima.com". As frases:

“E tu, quem dizes que Eu sou?” Mc 8, 28 - Confessionário dum padre

Frente Adão
"Olhai como crescem os lírios do campo! Não trabalham nem fiam. Pois eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles.” Mt 6, 28-29 – Partilhas em Fa Menor

Frente Adão
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna." Jo 6, 68 Deus em Tudo e Sempre

quinta-feira, março 03, 2011

Obrigado, Jesus, pela Tua paz!


Sinto uma paz tão grande! No meio da confusão e da agitação do trabalho, sinto “rios de Água Viva sobre mim” (Ez 36, 25 ss) … Lembro-me da Palavra do último domingo e acalmo a revolta que se queria apoderar de mim, de manhã.

“Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado. Basta a cada dia a sua própria aflição.” (Mt 6,24-34)

Qual é o segredo? Foram os minutos (poucos) que passei com Jesus Exposto, numa capelinha perto do meu emprego. Como foi bom estar com Ele! Simplesmente estar. Sem grandes conversas ou mesmo sem conversas. Estava ali com Ele a louvá-Lo e a deixar-me embalar pelo Seu olhar e pelo Seu convite:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” (Mt 11, 28)

“Entrega todas as tuas preocupações ao Senhor; Ele tomará conta de ti.” (Sl 54, 23)

E, no final, lembrei-me das palavras da irmã Maria José no último retiro de silêncio: “Independentemente do que se sinta na oração, os seus frutos vão ver-se, sobretudo, no nosso dia-a-dia.” É verdade. A beleza da oração, ou seja das palavras que dizemos, do silêncio que fazemos para O escutar, vivem-se no meio do mundo, onde impera o ruído e a agitação.

Pode parecer estranho ser assim: sentir a paz interior no meio do barulho. Mas, não nos esqueçamos que Ele sabe do que precisamos. Ele sabe que para enfrentar tudo nesta vida e para caminharmos com Ele, precisamos, antes de mais, de paz.

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou.” (Jo 14, 27)