domingo, agosto 31, 2008

Chamaste-me, Jesus! Como posso resistir?

Acabou a semana de missão no bairro onde costumo ir. Só estive presente no fim-de-semana por causa do trabalho. Presente ... fisicamente. Pois, eles estavam sempre comigo e eu com eles.

No bairro há vários cristãos católicos. É habitual organizar-se um terço pelas ruas do bairro. Este sábado estivémos presentes. Foi uma caminhada longa e um pouco dura, por causa do sol, do caminho de terra batida, com várias pedras, das zonas bem estreitas por onde passávamos. Foram pessoas de várias idades. Algumas crianças vinham ao nosso colo. Com o calor e o estado do pavimento, já mal podíamos com elas, mas estavam tão felizes que não resistimos e deixámo-las desfrutar daquele momento. Ia também a acompanhar-nos alguém muito especial. Não fisicamente, porque a diabetes tirou-lhe uma perna, mas estava nos nossos corações à espera que dêssemos a volta ao bairro. A alegria no seu rosto, cansado e de idade avançada, mostrava a sua fé e a alegria de ver as pessoas que se juntaram para o terço.

Depois as crianças do bairro fizeram um peça de teatro. Houve comida, música e muita alegria. No final, uma enxorrada de beijos. Quando dei por mim, estava no chão, com crianças em cima de mim a darem-me beijos ou a tentarem dar-me, pelo menos, um beijo. Ao mesmo tempo perguntavam: “Vocês vão continuar a vir, não vão?” E nós lá lhes dizíamos: “Temos vindo todos os meses, não é verdade?” Olhavam para nós, sorriam e ficavam mais descansadas.

Foi um fim-de-semana muito bom. Os momentos vividos no bairro, a Eucaristia, o jantar em minha casa (éramos quase 20 pessoas sentadas em bancos, no sofá, no chão), o almoço no Centro Paroquial... Agradeço a Deus e a Maria por estes momentos.

Perante mais esta graça, resta-me dizer a Jesus:

Jesus, obrigado pelo que me tens dado. Como dizia o profeta Jeremias, chamaste-me e não consigo resistir-Te. Nós achamos que conhecemos o Amor. Mas, só O conhecemos depois de Te conhecer e de Te viver. Ou não fosses Tu o Amor. O Teu Amor é puro, como mais nenhum. Não é só a questão de ser verdadeiro. Quantos não amam de forma verdadeira... Mas, é mais do que isso.

Quando conhecemos o Teu Amor, quando Te conhecemos, não conseguimos guardá-Lo apenas para nós, ou para mais alguém, ou para a nossa família ou um grupo de amigos... O Teu Amor é tão puro como um rio de água límpida. Um rio que só vive se correr sem parar. Tu, o Amor, tens de chegar a todos. Não apenas a alguns. E tens de chegar, principalmente, aos que não Te querem, por acharem que não És possível. É este Amor que nos leva a seguir-Te Jesus. A seguir-Te com tudo, inclusive a cruz, e comprometidos.

Não basta a Eucaristia ou uma procissão de vez em quando. Seguir-Te, viver-Te, implica um compromisso de puro Amor que nos leva a viver-Te cada segundo da nossa vida, sentindo a Tua frescura. Como te amo, Jesus! Obrigado por me amares e por me pores no caminho tantos irmãos que têm fome e sede de Ti. Ajuda-me a abrir-Te sempre a porta, para que Te possa levar aos outros. Amén.

domingo, agosto 24, 2008

Qual é o próximo julgamento?

"Não julgueis, para não serdes julgados; pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados (...). Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista?" (Mt 7, 1-3)

O pedido de Jesus para não julgarmos não me sai da cabeça desde a semana de missão com os sem-abrigo. Estive com pessoas que chegaram ao ponto mais baixo que pode chegar uma vida humana, por causa de erros cometidos. Estou a falar da missão dos sem-abrigo novamente, porque, como vos disse, foi uma missão muito intensa e ainda estou a digerir tudo o que aprendi.


A lógica humana é condenar. Apontar o dedo. Mas, quando vamos ter com essas pessoas, quando conhecemos as suas vidas, o seu passado, e deixamos Cristo tirar as escamas dos nossos olhos, vemos que não somos ninguém para condenar. Uma coisa é ouvir falar e ver na televisão. Outra coisa é estar com a pessoa.


E por que razão não devemos condenar, como Cristo nos pede a cada dia? Porque todos nós cometemos asneiras e, muitas são grandes, mas não se vêem... Além disso, quem somos nós para condenar, se ainda podemos cair na rua por nos metermos por caminhos que não devemos? Quantos estão na rua e tinham uma vida dita impecável que não fazia prever nada do que estão a passar neste momento...


Não é fácil, é verdade... Mas, se lutamos por tanta coisa inútil, por que não lutamos também para mudar o nosso hábito de julgar desnecessariamente? Melhoraremos a nossa maneira de estar na vida, não nos irritaremos tanto, não teremos tantas brigas...


Ah! E esta mudança de vida deve ser para todos nós... Todos julgamos. Uns mais do que outros, mas todos o fazemos. Pensando neste pedido de Cristo, meditemos nos julgamentos que vamos fazendo todos os dias... E, claro, peçamos ajuda a Jesus e a Maria para deixarmos o maldito do julgamento... Não é num clique que vamos mudar, mas podemos mudar. A Deus Pai tudo é possível...


E, atenção... Muitas vezes pensamos que estamos apenas a dizer a verdade e não a julgar. Se calhar o melhor é usar aquele filtro: será que o que vou dizer vai contribuir para a verdade e para o bem da pessoa e dos que nos rodeiam? Vai fazer a outra pessoa crescer e aprender? E, nós, como cristãos... O que vamos dizer vai tornar Jesus e Maria mais felizes?


PS: Já agora, peço orações pela semana de missão que está a decorrer no bairro onde costumo ir.

sábado, agosto 09, 2008

A experiência com os sem-abrigo

Cheguei da semana de missão com os sem-abrigo. Agradeço-vos por todas as orações. Foi uma semana muito intensa de trabalho, mas muito gratificante. O lema era “Com Cristo, rasga horizontes ao Amor”. E assim fizémos. As emoções são muitas, aprendi muito e, acreditem, que se vos contasse tudo o que me vai na alma, acabaria por escrever um livro. :)

Ao longo desta semana que passou, eu e mais 8 pessoas dos Missionários Combonianos estivémos na Comunidade Vida e Paz, em Lisboa. Fizémos sandes, lavámos, esfregámos, ajudámos na cozinha, animámos o espaço aberto que recebe sem-abrigo durante o dia, dando-lhes a oportunidade de saírem da rua através de programas de recuperação, andámos à noite a distribuir alimentos e a falar com as pessoas, visitámos as quintas de recuperação onde se faz um trabalho extraordinário e demos apoio espiritual. Tivémos sempre a ajuda da direcção, de outros voluntários e, o mais importante, de pessoas que recuperaram e que hoje têm casa, um trabalho, uma família. E, claro, o apoio de Cristo e Maria.

A realidade dos sem-abrigo é muito complexa. Cada caso é um caso. Há quem esteja na rua por que não quer mudar de vida e ter responsabilidades, mas a maioria está lá por que a vida entrou na completa ruína. Encontrámos imensos doentes mentais, muitos alcóolicos, prostitutas, toxicodependentes, imigrantes, desempregados, abandonados... O nosso objectivo não era apenas dar comida e roupa. Era também falar com as pessoas e levá-las para a recuperação. É muito fácil criticarmos e dizermos que eles estão na rua apenas por que o querem. Há situações em que é verdade. A família, os amigos e as instituições já os tentaram ajudar vezes sem conta e eles não aceitam. Mas, a maioria está lá por que perdeu toda a dignidade. É verdade que cometeram asneiras, mas também é verdade que nem sempre foram apoiados com aquela paciência de Cristo: esperar, bater à porta durante dias, meses ou anos. Sem desistir, apesar de se saber que, em muitos casos, a resposta há-de ser sempre “Não”.

Mas, é isso que devemos fazer. Bater, rasgar horizontes ao amor, levá-los a lutarem pela sua própria vida e tirar-lhes o vazio provocado pelo materialismo, auto-suficiência, individualismo, que, infelizmente, vem cada vez mais do exemplo da família. Não é fácil, mas é possível. Encontrei muitas pessoas que recuperaram e que são o grande exemplo de como é possível vencer, mesmo quando estamos no fundo do poço.

Deixo-vos as histórias (bem reais, infelizmente) que mais me marcaram pela positiva ou pela negativa:

- Não consigo esquecer as pessoas que saltaram da rua, do alcóol, da droga, da prostituição e que são um exemplo de como vale a pena bater e bater à porta. Um deles viveu 20 anos na droga... Agora, ninguém o reconhece. Está cheio de vida.

- A necessidade aflitiva de serem perdoados e de se perdoarem a eles próprios. Esta é a razão que leva muitos a continuarem no caminho de “escravidão”, como me dizia um toxicodependente no ex- Casal Ventoso.

- A quantidade de pessoas que estão na rua. Na estação do Oriente, é impressionante o número de pessoas que lá dormem.

- A solidão de um senhor que não é sem-abrigo, mas que foi ter connosco para desabafar.

- A importância de um simples aperto de mão a um sem-abrigo que está sujo, a um doente de sida (não ficamos infectados por dar um aperto de mão e esquecemo-nos tanto disso).

- O senhor que diz que é professor de História e está há anos na rua à espera de um barco que o leve.

- Do senhor que só vê a guerra colonial à sua frente e sente orgulho de ter “bombardeado Moçambique, sem deixar lá ninguém”.

- Dos imigrantes que vivem na rua, mas têm trabalho. Estão lá, porque o patrão não paga. Enquanto não arranjarem outro emprego para conseguirem a legalização, lá continuam...

- Das pessoas que quase caíam para cima de nós por causa do alcóol, mas que se sentiam bem em ver que os escutávamos, não lhes dando apenas uma sandes.

- Das crianças que vieram pedir leite e pão.

- Do senhor que nos queria dar um euro que ganhou a arrumar carros, porque se o ajudávamos, também nos tinha de ajudar. Não foi fácil convencê-lo de que não precisava de o fazer, mas lá conseguimos.

- Dos senhores que no dia a seguir foram pedir ajuda. Um deles está no hospital. Teve uma hemorragia interna. Está nos Cuidados Especiais. Rezemos por ele.

- A sede de Deus de tantas pessoas. A alegria de se sentirem acolhidas na missa.

Enfim... O texto já vai longo. O desafio que vos deixo é este: olhemos para a realidade, conheçamo-la e, com Cristo, rasguemos horizontes ao Amor. Principalmente ao Amor por aqueles que erram muito e, que, muitas vezes, só precisam de ser aceites e perdoados. Jesus fez e faz o mesmo e pede-nos para derrubar as barreiras que impedem o Amor de salvar e curar muitas pessoas. E, já agora, como cristãos, rezemos por todos os sem-abrigo.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Meditemos em Jesus e Maria

Deixo-vos com a mensagem de Nossa Senhora de Medjugorje e com o link para alguns livros que nos levam a meditar, de maneira muito especial e profunda, na mensagem de Jesus e Maria. Não deixem de ler. Tenho crescido muito na minha Fé e no meu Amor por Cristo e Maria com estes livros. Acreditem que vale a pena.

"Queridos filhos, neste tempo em que pensais no descanso do vosso corpo, eu chamo-vos à conversão. Rezai e trabalhai de tal modo que o vosso coração anseie por Deus Criador que é o verdadeiro descanso da vossa alma e do vosso corpo. Que Ele vos mostre o Seu rosto e vos dê a Sua paz. Eu estou convosco e intercedo diante de Deus por cada um de vós. Obrigada por terdes correspondido ao meu apelo.” Nossa Senhora de Medjugorje

Deixo-vos com o site em inglês e espanhol e com o português. No português, os livros ainda não estão todos traduzidos.