A Luz de Cristo quer chegar a todos
“Desde que vieram, o bairro ganhou luz e deixou de ser escuro!”. As palavras são de uma pessoa do bairro. No domingo celebrámos lá uma Missa. Mais uma vez fomos para o “quintal” de uma das senhoras e recebemos o Senhor com coisas bem simples. Os cânticos em crioulo e os passos de dança, antes da Proclamação da Palavra e no Ofertório, encheram-me de paz. Crianças e jovens, vestidas à africana, fizeram-me sentir aquele “cheirinho” tão agradável aos costumes africanos.
Aquela luz de que a D. Teresa falava era a luz de Cristo. Agradecia-nos por termos entrado num bairro desconhecido para levar o amor de Cristo. Agradecia-nos por nos dedicarmos ao bairro e por o termos descoberto. Nesse momento pensei como é importante fazer a ponte entre diferentes culturas e desmistificar a má imagem de quem sofre de exclusão social, sem fazer nada para que isso aconteça. De facto, na Missa também estavam pessoas convidadas que já foram ao bairro e que ganharam lá amigos. Abriram-se as portas do bairro … Não estão totalmente abertas, mas comparando com os primeiros tempos …
E naquele momento pensei: “Sim, é isto que Cristo quer.” Irmos ao encontro dos outros …. Cristo veio para todos e quer ajudar-nos em tudo na nossa vida. Jesus quer alimentar as pessoas que estão “no escuro” com a Sua Palavra, com carinho, com uma palavra de conforto, com explicações que ajudam a passar a Português e a Matemática … E quer que sejamos outros Cristo para fazermos tudo isto e muito mais.
Temos muito a tentação de que os gestos de amor têm de ser grandes e bem visíveis. Mas não tem de ser assim. Lembremo-nos de Cristo. Ele não fez apenas milagres que causavam espanto a muitas pessoas. Ele fazia milagres a cada momento ao falar com os excluídos da sociedade, como a mulher samaritana ou os leprosos. Não curava apenas o corpo. Curava sobretudo a alma doente de quem se vê “posto de parte”. Estes gestos de amor curam a alma e o corpo!
Não temos meios quase nenhuns, somos poucos a ajudar, temos de fazer uma grande “ginástica” para conjugar a missão do bairro com a missão do nosso dia-a-dia, cheio de responsabilidades e dificuldades. Há alturas em que é terrível ver que não conseguimos ajudar mais. Quantas vezes olho para as crianças e os jovens e sinto que não lhes conseguimos dar toda a ajuda de que necessitam para estudar … Mas aí, Cristo diz-me:” “Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela, totalmente, a minha força.” 2Cor:12,9.
Então, assim seja. Que Cristo molde esta missão da maneira que achar melhor e que nos dê o Seu Espírito para discernirmos o caminho a seguir …