sexta-feira, fevereiro 07, 2020


 Que a busca da cura do corpo e da mente não nos feche às graças de Deus!




Cura. Esta é a razão pela qual cada vez mais se procura Deus. Eu própria me integro nesse grupo. Cheguei a ficar obcecada, querendo forçar Deus a dar-me o que Ele sabia que não seria o melhor para mim. E ao fim de uns anos, bastante melhor mas não totalmente bem, dou graças a Deus por não me ter curado logo. Porquê? Acima de tudo, pelo que aprendi (ainda aprendo): a buscar Deus por amor e não por mera necessidade, a unir-me às Suas 5 Chagas (celebradas hoje), a compreender melhor os que sofrem, a louvar e a amar a Deus apesar dos momentos de agonia e das lágrimas, a ajudar outros que também sofrem…

Louvado sejas meu Deus por não me teres dado logo a cura! Acreditem que jamais imaginei escrever isto, porque os momentos de agonia são muito duros… Tenho percebido (e o que ainda não percebo, meu Deus?!) que a principal cura é daquilo que nos afasta de Deus, porque o nosso fim não é a morte mas a Vida Eterna.

A busca da cura é legítima e vê-se isso nos Evangelhos, quando Jesus cura tantas pessoas. Enviou inclusive os Seus discípulos para curar, mas também, para anunciar a Boa Nova. Além disso, há problemas de saúde que se devem pura e simplesmente à falta de perdão ou a caminhos que tomámos um dia e que não queremos deixar. Ora sem mudança, nada pode ser feito…

Também pode acontecer como a S. Paulo, que pediu 3 vezes para que Deus lhe tirasse o espinho da carne e a resposta que recebeu foi: “Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza.” 2 Co 12, 9 Deus pode querer manter-nos o espinho da doença, porque sabe que é a melhor forma de nos salvarmos e de ajudarmos os outros. Lembro-me de Nino Baglieri, que se espera poder ser beatificado, que ficou paralisado do pescoço para baixo e que, após alguns anos, foi curado … não da paralisia mas da falta de aceitação das suas limitações. Desde esse momento agarrou-se à vida e falou de Deus como jamais o imaginara.

Com a minha experiência queria apenas deixar algumas ideias. Quando estamos doentes procuramos, de forma obcecada, os mais variados padres, encontros, orações, novenas… Não tem mal, obviamente, desde que não se caia na tentação – como aconteceu comigo – de achar que apenas aquele padre ou aquela oração me pode dar a cura … Quem cura – e apenas se for para a nossa salvação – é Jesus! Mais ninguém! O padre é um “instrumento” de Deus, a quem devemos procurar, mas lembrando sempre que é Jesus que nos salva e que a salvação também depende da nossa fé e da nossa conversão (que é diária, até ao dia da nossa morte neste mundo).

Se calhar estão a questionar-se: Mas assim devo deixar de lutar pela cura? Não! No meu caso pedi – e anda peço todos os dias – a graça para aceitar o que não posso mudar, a graça para me converter e me santificar e a graça para que os meus sofrimentos completem os de Cristo e ajudem a salvar os meus irmãos e irmãs em Cristo. Não é fácil, mas é maravilhoso ver que, como Santa Maria Madalena, posso dizer, mesmo no sofrimento: “Eu vi o Senhor!”.



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