Uma carta a um sem-abrigo… Um pedido de oração por quem vive à margem
Ali estavas a um canto
de uma rua agitada, onde várias pessoas passavam cheias de sacos de compras. Eu
própria ia no meu caminho, a pensar no que tinha que fazer, sem reparar em ti.
Até que o meu filho me diz: “Mãe, está ali um senhor pobre. É sem-abrigo, não
é?”. Foi aí que olhei para ti…
Estávamos a entrar no
supermercado e disse ao meu filho que iríamos comprar alguma coisa para te dar.
Quando me aproximei apercebi-me do teu olhar vazio, sem esperança, triste. Quando
nos viste – principalmente ao meu filho – vi como os teus olhos brilharam. Percebi
o quão importante foi veres uma criança a aproximar-se de ti para te entregar
um saco.
Lembrei-me dos tempos
dos Missionários Combonianos, quando passei uma semana com a Comunidade Vida e
Paz. Tantos como tu andam por aí, ao desnorte. Porque sofrem de doença mental e
já não sabem viver em comunidade – alguns são ex-combatentes que sofrem de
stress pós-traumático – ou porque perderam tudo num azar da vida ou então
porque cometeram erros demasiado graves que os levaram à rua…
Não interessa o que aconteceu.
Naquele momento só queria duas coisas: deixar-te uma mensagem de esperança e
mostrar ao meu filho que não basta dar um saco, mas também sorrir, dizer uma
palavra sempre que possível … Lembra-te do que te disse: “Não desistas! Disseste-me
que és um homem de fé, então agarra-te a essa fé, porque Jesus nunca te
abandona.”
Nunca mais te vi, não
sei onde andas. Só te posso ajudar com oração, por isso entrego a tua história
a todos os que me leem, para que a luz da oração te possa guiar. Acredito que
cada pedido te vai fortalecer, para que não desistas. Mesmo que tenhas cometido
muitos erros, Jesus está de braços abertos, porque, como Ele disse, “não
são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim
chamar os justos, mas os pecadores”. Mc 2, 17
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