domingo, dezembro 02, 2018


Uma carta a um sem-abrigo… Um pedido de oração por quem vive à margem




Ali estavas a um canto de uma rua agitada, onde várias pessoas passavam cheias de sacos de compras. Eu própria ia no meu caminho, a pensar no que tinha que fazer, sem reparar em ti. Até que o meu filho me diz: “Mãe, está ali um senhor pobre. É sem-abrigo, não é?”. Foi aí que olhei para ti…

Estávamos a entrar no supermercado e disse ao meu filho que iríamos comprar alguma coisa para te dar. Quando me aproximei apercebi-me do teu olhar vazio, sem esperança, triste. Quando nos viste – principalmente ao meu filho – vi como os teus olhos brilharam. Percebi o quão importante foi veres uma criança a aproximar-se de ti para te entregar um saco. 

Lembrei-me dos tempos dos Missionários Combonianos, quando passei uma semana com a Comunidade Vida e Paz. Tantos como tu andam por aí, ao desnorte. Porque sofrem de doença mental e já não sabem viver em comunidade – alguns são ex-combatentes que sofrem de stress pós-traumático – ou porque perderam tudo num azar da vida ou então porque cometeram erros demasiado graves que os levaram à rua…

Não interessa o que aconteceu. Naquele momento só queria duas coisas: deixar-te uma mensagem de esperança e mostrar ao meu filho que não basta dar um saco, mas também sorrir, dizer uma palavra sempre que possível … Lembra-te do que te disse: “Não desistas! Disseste-me que és um homem de fé, então agarra-te a essa fé, porque Jesus nunca te abandona.”

Nunca mais te vi, não sei onde andas. Só te posso ajudar com oração, por isso entrego a tua história a todos os que me leem, para que a luz da oração te possa guiar. Acredito que cada pedido te vai fortalecer, para que não desistas. Mesmo que tenhas cometido muitos erros, Jesus está de braços abertos, porque, como Ele disse, “não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”. Mc 2, 17


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