sexta-feira, setembro 12, 2025

 

Não às migalhas de amor!

 


“… quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede” (Jo 4, 14), disse Jesus à mulher samaritana. Esta passagem da Bíblia levou-me durante dias a uma questão: Jesus, se Te conheço, por que razão, de vez em quando, ainda sinto tanta sede, tanta angústia, uma dor profunda no meu coração? Por que razão a água que me dás, não me sacia?

Num momento de oração, eis a resposta de Jesus: “Ainda estás muito agarrada a migalhas de amor por causa do teu passado.” Foi uma oração libertadora! A falta de amor na infância leva-nos, mesmo de forma inconsciente, a aceitar migalhas de amor. Seja de quem for… E porquê? Porque ainda não curámos a ferida e a dor da ausência de quem nunca devia ter abandonado o barco.

Encarar esta verdade é muito doloroso. Mas é assim que deve ser. Na graça de Deus, em oração, é preciso aceitar a nossa verdade e deixar que Deus nos cure. Na maioria das vezes, essa cura não acontece em segundos. Deus pode muito bem curar-nos num clique, mas, regra geral, Ele prefere aos poucos, porque é dessa forma que nos vamos enchendo do Seu Amor, para o levar a outros.

Não podemos viver apenas de migalhas de amor. Não podemos ser mendigos em busca de um pequeno gesto que nos enche a alma e o coração, por breves momentos. Deus veio para nos dar vida e vida em abundância (Jo 10, 10) e, enquanto a vida nos dá migalhas de amor, Ele, Jesus, único Deus e Salvador, enche-nos com a plenitude do Amor. A angústia pode voltar, mas a solução é só uma: em oração é preciso pedir que Jesus nos cure e nos encha do Seu Amor, para O levarmos a tantos outros irmãos que estão num sofrimento sem fim…


sábado, agosto 30, 2025

 

Alegria em Deus até na prisão

 

“Alegrai-vos sempre no Senhor!”. (Fl 4, 4) “Não vos inquieteis com nada!” (Fl 4, 6) Estas palavras são de Paulo, na Carta aos Filipenses, e foram escritas quando ele estava na prisão, aguardando para saber se seria condenado à morte.

É brutal! No meio do sofrimento e da injustiça – era inocente -, Paulo tem um amor tão grande por Jesus e está tão cheio do Espírito Santo que não consegue deixar de falar em alegria.

Ele consegue, inclusive, compreender o lado bom daquela situação: “… o que me aconteceu ajudou o Evangelho a progredir” (Fl 1, 12). 

Naquele martírio fez questão de ajudar os seus irmãos a serem cada vez mais de Cristo e a continuarem a sua missão, apesar das perseguições. Ele podia ter optado por falar dos horrores que deveria estar a passar, murmurando e perguntando: “Porquê eu, meu Deus? Onde estás, Deus? Estou a seguir-Te, por que tens de me tratar assim?”

Ao reler esta carta maravilhosa, senti necessidade de orar e de pedir a Deus que me ajude a reler a minha vida à luz da Sua Palavra. Sei que sou imperfeita e que não vou conseguir fazê-lo sempre. Mas, peço-Lhe que me ajude e que me dê a firmeza de treinar esta forma de estar na vida. 

Jesus, sede o nosso amparo, envia o Espírito Santo para que o exemplo de Paulo não caia em saco roto na nossa vida! Ámen.


terça-feira, agosto 19, 2025

 

Deixa Deus sonhar em Ti

 


E se não acreditarmos que é possível ser-se feliz neste mundo? Parece ridículo, mas isto acontece, sobretudo quando se teve uma vida madrasta, plena de dor e de angústia desde a infância. 

Desde pequeninos habituamo-nos à ideia de que a vida é mesmo assim. Não há nada a fazer. E, com esta atitude, acabamos por desistir dos sonhos que Deus tem para nós. Chegamos ao ponto de nem sequer vermos o que Ele tem para nós. O sofrimento da vida cega-nos.

Mas os sonhos de Deus têm de ser cumpridos. E Ele não desiste de nos dar vida e vida em abundância (Jo 10, 10), nem que para isso tenha de nos desmontar o puzzle da vida em segundos…

Quando ele se destrói, tudo parece um caos. Ficamos confusos, à deriva… mas com uma ordem bem clara de Deus: tens de remar o barco, sob a ação do Espírito Santo, mesmo não sabendo como vais concretizar estes sonhos…

Foi isto que aconteceu a Abraão, o nosso pai na fé. Ele e a mulher, Sara, habituaram-se à ideia de que não iriam ser pais. Mas, contra tudo o que se previa, já numa idade avançada, Sara deu à luz um filho. O mesmo aconteceu com Ana, que teve Samuel, ou com Isabel que trouxe ao mundo João Baptista. Tiveram um caminho difícil demais, tempestades que os assustaram, mas o sonho era de Deus e Ele providenciou...

E tu? E eu? Que sonhos Deus quer realizar, mesmo que, humanamente, já pareçam impossíveis? Será que já nos habituámos demasiado ao fracasso e, com isso, impedimos que Deus realize os Seus sonhos em nós? 

PS: O título é de uma música do Frei Gilson

 

quinta-feira, agosto 14, 2025

 

Orar sem vontade



Pois é, todos passaremos pela longa noite escura. Jesus foi tentado no deserto e nós também temos de passar por lá, mesmo que não seja cheio de areia, mas recheado de barulho e de uma vida dita normal.

À medida que vamos conhecendo Jesus, vamos perceber que há uma hora em que teremos de passar pela prova da aridez espiritual. Não se sente vontade, não se sente qualquer emoção, na Missa, nas orações, no cumprimento da Palavra de Deus.

O que fazer? Parar? Jamais! Mesmo sem sentir nada, mesmo sem vontade, é preciso continuar a participar na Missa, a orar – mesmo que seja de maneira diferente do habitual -, de pôr a Palavra de Deus em prática.

É apenas uma prova. Para quem? Para Deus? Ele precisa de saber se somos fiéis por amor ou apenas pelas sensações boas? Não, porque Ele sabe tudo. Mas, nós, não sabemos. Nesses momentos de aridez espiritual conseguimos provar a nós mesmos se, de facto, estamos com Jesus por amor ou por interesse.

Esse autoconhecimento vai levar-nos a ver, por vezes, coisas feias no espelho, que precisam de ser retiradas de nós. Não é preciso ter vergonha. É necessário, sim, pedir, com humildade, que Jesus nos molde, nos envie o Espírito Santo para nos purificar.

Não desistamos! Deixemos que Jesus nos leve ao deserto, onde nos vai falar ao coração e onde nos vai seduzir (Os 2, 16), para nos ajudar a entrar, um dia, na Vida Eterna – a Grande Meta do cristão.


quarta-feira, agosto 06, 2025

E a água benta, meu Deus?

 


A água benta é um sacramental muito importante, contudo com a pandemia acabou por ser retirada. Mas a pandemia já passou. Então, onde está a água benta?

Voltou tudo ao normal, menos este sacramental? Sei que basta levar uma garrafa e pedir ao padre que a benze. Mas havia sempre nas igrejas…

É verdade que conheço uma igreja onde ainda têm. Pode haver mais, claro, não sei… É triste! Já basta o abraço da paz também ter desaparecido nalguns sítios…

Ajuda-nos, Jesus, com estes ‘apagões’ …



quinta-feira, julho 24, 2025

 

Os sinais de Deus e a teimosia humana


Pedimos muitos sinais a Deus, mas nunca (ou raramente) nos lembramos de olhar para o passado e de ver se Ele já nos falou noutras situações. Muitas vezes, o passado dá-nos as respostas, mas nós não queremos encará-las. E porquê? Porque não aceitamos a vontade de Deus.

No Pai Nosso dizemos “seja feita a Tua Vontade”, mas no coração sentimos outro desejo: seja feita a minha vontade. Isso leva-nos à cegueira e ao sofrimento. Teimamos, muitas vezes, em seguir a mesma direção que Deus já nos mostrou não ser a melhor para nós. 

Muito do sofrimento que temos hoje, tem a ver com essa cegueira, com essa teimosia em seguir a nossa vontade, em não querer interpretar os sinais bem visíveis de Deus na nossa vida. 

Como somos difíceis, meu Deus! Como complicamos tudo! Ajuda-nos a sair desta teimosia e a aceitar a Tua Vontade, que é aquela que nos vai levar à salvação eterna. Ámen.



quinta-feira, julho 17, 2025

 

Quando a dor revela a nossa verdade…

Quando uma criança está no hospital, a sentir dores, agarra-se à mãe e ou ao pai e chora. Fica ali nos seus braços, à procura de consolo. A dor até pode não parar de imediato. Ainda pode levar muitos dias… Mas a criança não deixa o colo da mãe e ou do pai.

Com Jesus é o mesmo. A vida é imprevisível e pode ser muito dolorosa. Quando nos sentimos oprimidos e cansados, Jesus convida-nos a ir ter com Ele (Mt 11,28). E como é bom ter este colo! Mas isso não significa que a dor passe de imediato.

Muitas vezes, a dor tem de se manter, porque Jesus sabe que temos algo a aprender com ela. Sabe que essa dor pode ser a única maneira de conhecermos a Verdade, nomeadamente a verdade de quem realmente somos.

É na dor que descobrimos as nossas misérias, que temos noção de até que ponto daríamos a vida ou recusaríamos uma coisa boa que é má, em nome de Deus.

Ficar no colo de Deus é um gesto que deve ser diário, mas é ainda mais importante no momento da dor, do cansaço, da desilusão, da provação. Até se pode ter vergonha da verdade que a dor nos mostra de nós mesmos. Mas jamais devemos sentir vergonha em ir ter com Jesus. Ele ama-nos como somos. Ele já nos amava antes de conhecermos essa verdade. Por isso, nunca abandonemos o colo de Jesus. É Ele, e só Ele, que nos pode consolar e dar a mão para nos desviarmos (ou para nos levantarmos) do caminho errado.