quinta-feira, julho 18, 2024

 

Olhar para o abuso sexual sem rodeios

 


Nas últimas horas foi dado a conhecer que o padre Abbé Pierre, fundador da Comunidade Emaüs, e um defensor dos marginalizados, foi acusado de abusos sexuais. A denúncia é da própria comunidade e remete, de alguma forma, para a confissão do próprio padre antes de morrer: “cometi o pecado da carne”.

Mais informações deverão, entretanto, ser reveladas… De qualquer forma, este caso também me chamou a atenção para a forma como a Comunidade Emaüs lidou com tudo isto. Após a confissão de uma mulher, procuraram saber a verdade. Puseram de lado a admiração enorme que tinham pelo fundador e escutaram as vítimas.

Por outras palavras, a dor e a admiração pelo padre não os impediram de pensar nas pessoas que escondiam, há anos, um dos piores traumas que se pode viver nesta vida. Defender a Igreja também é isto. É preciso ir à procura da verdade, por mais dolorosa que seja, porque a cruz do abuso sexual é maior do que a cruz de se ver os ‘podres’ de alguns membros da Igreja.

A dor de Jesus e da Mãe são, sem dúvida, muito maiores, se se optar por esconder crimes, no intuito de se manter uma imagem.

A partir de agora, seja qual for o desfecho deste caso, a forma de atuação deve servir de exemplo. Não se pode virar a cara a quem denuncia abusos sexuais. Há casos que são mentira? Sim, já aconteceu. Como acontece fora da Igreja. Mas, a grande maioria, é verdade. Por que razão só agora falam? A Psicologia explica-o muito bem. O abuso sexual paralisa qualquer um, sobretudo quando perpetrado por alguém que é poderoso e idolatrado.

A Igreja só vai conseguir purificar-se destes crimes horrorosos, enfrentando-os. E, claro, com muita oração e com muita reparação…

Deixo contactos para quem possa precisar de pedir ajuda (sejam casos da Igreja ou não):

https://grupovita.pt/contactos/

https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/

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