sexta-feira, março 22, 2024

 

O outro é um ser humano como eu

 


“Foi um preto, certo?”. “Foi um cigano, só pode.” O primeiro comentário foi dito a uma amiga que teve problemas de segurança e o segundo foi dito a mim por causa de um caso de comportamento violento. Pois bem: erraram. Nas duas situações, os agressores são não ciganos, brancos e portugueses – não se vá achar que são imigrantes…

É preciso ter cuidado com generalizações e ideias falsas que são divulgadas em redes sociais e que se tornam virais, sem haver qualquer espírito crítico ou humanismo. Vivemos tempos muito difíceis em que se teima em ver a divisão nós, os bons, os outros, os maus. Vive-se cada vez mais numa bolha, onde só entra quem pensa como eu. Não há lugar ao contraditório, ao perceber o que é a realidade nua e crua.

Este tipo de comportamentos torna-se, na minha opinião, ainda mais horrível quando é posto em prática por cristãos, muitos deles de ida à Missa todos os domingos. Atualmente, existem diferentes grupos ideológicos a influenciar cristãos a discriminarem os seus irmãos de outras nacionalidades/etnias/cor de pele/religião.

Não podemos compactuar com isto, não podemos deixar que a nossa mente fique contaminada com ideias deste tipo. Lembram-se da atitude dos judeus, sobretudo dos fariseus e doutores da Lei, em relação aos samaritanos (estrangeiros)? De que forma Jesus lidou com isso? Basta recordar a mulher samaritana que vai buscar água e que tinha muitos maridos (Jo 4, 1-42)… Jesus acolheu-a, falou com ela…

Olhemos uns para os outros com os olhos de Jesus e não nos iludamos com teorias da conspiração e com estereótipos. O outro é como eu: imperfeito, mas amado por Deus. Em Mt 25, 31-46, Jesus é muito claro quando nos alerta para se dar atenção também ao estrangeiro e ao que foi preso. Seremos julgados pelo amor que tivemos (ou não) também para com quem tem origens diferentes das nossas e para com quem se perdeu e tem de pagar uma pena na prisão…



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