“Como se pode trair um amigo?”
Dou
catequese a crianças de 9-10 anos, que se estão a preparar para a 1.ª Comunhão.
No encontro da semana passada apresentei-lhes as estações da Via Sacra e alguns
pormenores da Paixão de Jesus, pedindo que, no final, após um momento de
silêncio, me dissessem o que mais os tinha tocado.
Admito que esperava uma resposta mais ligada à crucificação em si, ao sofrimento físico. Mas não. A maioria respondeu: a traição de Judas. Fez-lhes muita confusão como se vende um amigo por dinheiro e ainda por cima um amigo como Jesus. “Como se pode trair um amigo?”, perguntaram.
É verdade. Não se pode trair um amigo, sobretudo quando esse amigo é Jesus. Mas a verdade é que o fazemos vezes sem conta…
Com esta dinâmica não quis apenas ensinar-lhes a Via Sacra e tudo o que está subjacente à Paixão de Cristo. Quis também que meditassem no que estava a ser dito, porque num mundo onde até a oração é feita a correr, acabamos por não meditar, por não interiorizar o que Deus nos quer dizer em cada momento.
Rezar a Via Sacra, meditar na Sua Paixão, é prática habitual na Quaresma. Mas será que oramos, isto, é será que meditamos, de facto, no que aconteceu? O que Jesus nos quer dizer todos os anos? Há algum momento/pormenor que me esteja a falhar e que não se limite aos horrores da crucificação?
Para a maioria dos meus meninos foi a traição de Judas. Para mim, é quando Jesus encontra Sua Mãe. Aquele olhar entre Mãe e Filho… Céus! É uma mistura de uma dor indescritível misturada com um Amor impossível de explicar por palavras. Acredito que ambos tenham sentido uma dor imensa, mas ao mesmo tempo um consolo enorme por puderem olhar um para o outro, procurando dar consolo um ao outro…
E a vocês? O que mais vos toca na Paixão de Jesus?
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