quarta-feira, novembro 24, 2021

 

“Escuta-me!” – eis o grito de tantas pessoas hoje em dia…

  



Já lá vão uns anos que o M. e a J. partiram para o Pai. Eram um casal de idosos muito simpáticos, mas que se sentiam sozinhos. A vida não lhes permitiu ter filhos e a solidão das quatro paredes da casa levaram-nos a pedir ajuda na Igreja: precisavam de alguém para conversar, para os visitar. 

Eu e a minha mãe costumávamos ir a casa deles e com o passar do tempo deixámos de ser voluntárias e passámos rapidamente a ser família. O M., já com mais de 80 anos e com problemas de memória, contava-me vezes sem conta a mesma história. A mulher, também com mais de 80 anos, refilava e dizia-lhe: “Coitadas! Estás sempre a repetir-te!” Mas ele continuava. Não nos importávamos: os olhos daquele meu “avozinho” brilhavam por saber que havia alguém para o escutar.

Esta sede em ter alguém para nos escutar, sem qualquer julgamento, faz muita falta no mundo atual. Muitas vezes não sabemos como podemos ajudar os outros. Se calhar, basta escutar o que o outro tem para dizer, acolhendo a sua dor e revolta. Ou, então, escutar o seu silêncio, com o máximo de respeito. Como teríamos todos mais saúde física, psicológica e espiritual…

Envia, Jesus, mais trabalhadores para esta messe da escuta! Ámen.


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