Vazio, sensação de sujidade: O trabalhador do sexo também é um ser humano…
“Um vazio muito grande.” “Sentimo-nos
sujas depois de estarmos com um homem…” Estas foram algumas das palavras que
mais me tocaram no testemunho de uma mulher que conheceu a prostituição e que
hoje em dia luta pela legalização dos trabalhadores do sexo, em dadas
circunstâncias, para evitar o abuso de jovens adolescentes, que dão o seu corpo
por 20 euros.
Não quero entrar aqui na discussão da
legalização. Vou focar-me apenas nas palavras desta mulher que, num programa de
TV, revelou o vazio que sente e a sensação de sujidade após se estar com alguém
que paga para ter sexo. Di-lo em lágrimas… É uma mulher muito bonita, bem
vestida, mas por dentro mostra como não está bem.
Enquanto a oiço penso na mulher
apanhada em adultério e que foi salva por Jesus quando a queriam matar à
pedrada. (Cfr Jo 8, 1-11)
Jesus não se ficou pelo que habitualmente fazemos: julgar ou olhar para o lado,
como se o negócio do sexo não existisse ou como se fosse coisa de gente que
está condenada e que vai inevitavelmente para o inferno. Jesus começou por
salvar a vida daquela mulher, evitando que fosse apedrejada até à morte. E foi
mais longe ao propor – não impondo – outra vida. Percebeu e interessou-se pelos
seus sentimentos, fraquezas, condições de vida. Compreendeu que ela mendigava
amor…
Devíamos aprender com o Mestre, porque
o mundo da prostituição é muito vasto e há de tudo um pouco: as que gostam, as
que querem ter dinheiro para umas calças de marca, as que fora enganadas e que,
em busca de melhores condições de vida noutros países, são alvo de lenocínio… É
uma situação muito delicada e que só tem solução – nem que seja menos uma
pessoa na prostituição já é salvar uma vida – se olharmos para o interior de
cada uma estas mulheres – ou homens – e percebermos o que as levou aquela
realidade.
Quem sabe se o problema está na ausência dos pais, que
preferiram a carreira e o dinheiro, em vez de dar amor? Ou na infância vivida
entre brigas, álcool, droga… que impediram o conhecimento do verdadeiro amor?
E, nós cristãos, julgamos ou amamos,
procurando soluções? Será que a forma como amamos e damos atenção aos nossos
filhos não os levará um dia a mendigar amor onde impera antes o vazio, quer
seja na prostituição ou noutras escolhas erradas?
Conheçam o trabalho das Irmãs Oblatas
nesta área: https://www.oblatasportugal.pt/
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