A verdadeira fé não nos afasta do mundo real. Jamais!
Estive a ler umas palavras de um psicólogo
que comentava a importância da fé e da religião por causa das crianças e do
treinador que ficaram presos na gruta. Ele dizia que até pode ajudar mas tem um
senão, que é o facto de afastar as pessoas da realidade concreta. Este comentário surgiu por causa de o
treinador ter recorrido à ajuda da meditação para que o grupo ultrapassasse
aqueles momentos indescritíveis de sofrimento.
Mas este psicólogo errou e só demonstrou um
mito/estereótipo que ainda perdura na nossa sociedade e que deve ser
esclarecido: A verdadeira fé não nos afasta do mundo real. Jamais!
Não me focando no Budismo – que é mais visto
como filosofia de vida e não como religião por muitas pessoas -, como cristã católica vou falar do
exemplo de Jesus e de como Ele jamais nos pediu para nos alienarmos da
realidade em que vivemos.
Jesus diz-nos, antes de mais, que veio para
que “tenhamos vida e vida em abundância” (Cf. Jo 10,10). Quer que vivamos
alegres em todo o momento, dando graças a Deus por tudo! (Cf. 1 Ts 5, 16-17) Mas
também nos diz: “No mundo, tereis tribulações; mas, tende confiança: Eu já
venci o mundo!” (Jo, 16, 33)
Jesus mostra-nos, por palavras e com o seu
exemplo de sofrimento na vida e na cruz, que ter fé e acreditar em Deus não é
viver alienado e negar o que se passa. Pelo contrário, é ter uma noção exata
das coisas más, para das mesmas retirarmos coisas boas.
Mesmo quando a realidade nua e crua nos
parece esmagar, Ele lembra-nos: “E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao
fim dos tempos” (Mt 28, 20). Tal como dizia o apóstolo S. Paulo: “Em tudo somos
atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não desesperados; perseguidos,
mas não abandonados; abatidos, mas não aniquilados.” (2 Co 4, 8-9)
Muito poderia escrever sobre exemplos
concretos de como a fé não nos afasta da realidade concreta deste mundo. Mas
basta recordar que Jesus nos pediu para nos amarmos uns aos outros como a nós mesmos, o que implica estar atento ao nosso próximo,
que é quem tem fome, quem tem sede, quem está nu, doente, na prisão … (Cf. Mt25, 31-46)
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