terça-feira, outubro 11, 2011

Por dia, quantas pedras atiras?


Vou contar-vos uma história que se passou comigo no outro dia. Devo dizer, desde já, que perdoo a pessoa e que só coloco esta história aqui para meditarmos nestas palavras de Jesus:


«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados» (Lc 6, 37).


O telefone tocou. Uma amiga perguntou-me por um retiro que se ia realizar no fim-de-semana. Até aí nada de especial. O problema é que, após esta conversa inicial, ela disse-me: “Ouvi dizer que estás a viver com alguém.” Disse-lhe que não era verdade, que era um mal-entendido.

Nada de extraordinário até aqui. Coisas que acontecem. O problema veio de seguida, quando ela me diz:”Ainda bem. Pensei que já não te conhecia. Pensei que tinhas dito totalmente Não a Deus”.

Admito que estas palavras me caíram que nem pedras. E das bem pesadas. Como já disse perdoo a pessoa e compreendo a reacção dela, tendo em conta a sua vivência. Mas é importante meditar nesta palavras e ver onde é que nós – sim, eu e tu que estás a ler! - também lançamos julgamentos, que são autênticas pedras.

Para um cristão, a união de facto não é o caminho mais recto. Mas quem somos nós para dizer que a pessoa que não celebrou o Matrimónio é totalmente contra Deus? Antes de mais, não sabemos por que razão a pessoa vive em união de facto. Há tantas situações complicadas nesta vida … E algumas estão bem dentro da Igreja …

Não estou a dizer que a união de facto é o caminho mais correcto. Estou simplesmente a dizer que não podemos julgar os outros, principalmente por um único acto. Naquele momento imaginei-me perante um tribunal que me acusava por uma única situação, esquecendo-se de todos os actos de amor que já tive e continuo a ter. E pensei: “Deus é Pai. Não é assim. Como somos tantas vezes farisaicos!”

Penso que esta meditação é, sobretudo, para nós que vivemos em Igreja (no sentido de comunidade, não interessa agora se é católica, evangélica, etc.). Conhecemos os mandamentos de Jesus, mas será que fazemos como os fariseus e nos esquecemos que esses mandamentos são amor?

Sermos cristãos, sermos Igreja, não deve fazer de nós uns ditadores e uns juízes de chicote na mão! Ver o que está errado não implica julgamento. Jesus não julgava e não era por isso que não deixava de mostrar o que estava certo e errado.

Este assunto é muito sério! Olhemos à nossa volta e vejamos a quantidade de pessoas que continuam em caminhos perdidos, na profunda solidão e depressão, porque não têm uma mão que os apoie sem julgar! Há quem se suicide! E, infelizmente, sabem que não estou a exagerar … Basta abrir os olhos, principalmente os do coração e os da sabedoria de Deus, para vermos como estas palavras são verdade …


Oração:
Ensinai-nos, Jesus, a não julgar! Sabes que acabaremos por o fazer … Somos imperfeitos. Mas, pelo menos, não tornemos esta nossa atitude um hábito incorrigível, por causa daquela mania farisaica de que só nós nos salvaremos … Uma mania que continua a perdurar ao fim de tantos séculos … Ámen.

2 comentários:

Thallyta Ferreira disse...

, Queria lhe deixar uma mensagem para sua reflexão:
Não são as palavras que movem o coração de Deus,
são os gestos as atitudes. Continue tendo
essa atitude que tens, de levar o evangelho
a todo o canto. Não desista !
O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?
O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?
Salmos 27:1


A PAZ

Ailime disse...

Maria João,
Como compreendo esse teu desabafo.
Há pessoas que nos ferem.
Oremos também por essas pessoas que tão desviadas andam dos caminhos de Deus.
Um beijinho,
Ailime