A JMJ não
é apenas uma guerra de milhões de euros…
Uma das
coisas mais venenosas dos nossos tempos é olhar para a realidade apenas de um determinado
ponto de vista. É como ter uma moeda e só ver uma das faces. Muitas têm sido as
críticas aos gastos com a vinda do Papa. Pessoalmente, concordo que haja custos
que não se justificam, numa altura em que tantas pessoas passam sérias dificuldades
na vida. Mas o Papa é culpado disto? O Papa não manda nos governos dos países.
Além
disso, parte dos custos são para recuperar a zona do Parque Tejo, um espaço que
vai ficar para usufruto futuro da população. Entre outras obras que surgiram
com a desculpa da vinda do Papa… Podem perguntar: mas tinham que o recuperar
agora, quando há famílias que têm de optar entre ter um teto e comida?
Concordo, deviam ter investido antes o dinheiro nessas famílias. Mas, mais uma
vez, pergunto: que culpa tem o Papa?
Um dos
momentos-chave deste evento é a visita do Papa ao Bairro da Serafina, numa zona
onde ainda há pessoas sem saneamento básico. A Igreja escolheu este ponto da
cidade para mostrar esta miséria. É um grito da Igreja para ver se, finalmente,
alguém olha para estes nossos irmãos. A paróquia local criou alguns projetos de
apoio, mas, obviamente, não tem poder para fazer muito mais, a não ser mais
este grito de ajuda.
Esta ida
ao Serafina é a outra face da moeda. Acresce a alegria e a paz que estes jovens,
do mundo inteiro, vêm trazer ao país. Vai haver apertos, sacrifícios, rotinas
alteradas, mas vamos ver jovens empenhados num presente e num futuro melhor, a
conviverem cara a cara, sem estarem apenas agarrados aos ecrãs, isolados no seu
canto.
Sendo o
dinheiro de todos os contribuintes, concordo que haja escrutínio. Mas resumir a
Jornada às questões financeiras é muito redutor, até para o não crente. Além
disso, temos que ter cuidado com a hipocrisia. Muitos dos que se mostram incomodados
com os gastos deste evento, estiveram calados quando se investiu milhões em
estádios de futebol para o Europeu…
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