quarta-feira, março 15, 2017


“Peça ao médico para me dar um comprimido para dormir e nunca mais acordar”






Hoje fiz uma reportagem num serviço de Ortopedia de um hospital de uma grande cidade. E lembrei-me da Palavra:

“Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida: a caridade feita ao teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação.” Eclo 3, 14-17

A senhora deve ter 90 ou mais anos, o cabelo é como neve e está internada por causa de uma queda. Aliás, da queda já está a recuperar, mantém-se no hospital, porque não tem para onde ir.

Quando falei com ela, pegou-me com muita força na mão e pediu-me: “Peça ao médico para me dar um comprimido para dormir e nunca mais acordar. Quando caí, devia ter batido com a cabeça, agora estava morta.”

Aquelas palavras caíram como um balde água fria. Disse-lhe que tinha um sorriso lindo, fiz-lhe festas com a mão que estava livre – a outra ela não a largava – e não referi uma palavra em relação ao comprimido. Não sabia o o que dizer…

Quando lhe falei do sorriso, ela disse-me que tinha perdido uma filha, que o pai gostava muito de fado e que ela própria cantava. E começou, com um sorriso lindo nos olhos: “Ai, quem me dera Ter outra vez vinte anos/ Ai! Como eu era Como te amei” (O Meu Primeiro Amor de Amália Rodrigues)

Bati palmas, dei-lhe um beijo e disse: “Canta tão bem, faça-o e sorria. É tão bonita!” E ela sorriu, deixou de pedir para morrer e o sorriso não estava só nos lábios, mas também nos olhos.

Chocou-me muito ver a senhora sem ter uma família para onde ir. O que estamos a fazer aos nossos velhos? Não nos lembramos que também vamos ter rugas, cabelos brancos, falhas de memória, falta de força nas pernas?

Jesus, acolhe esta senhora! Para onde vai? Para um lar onde não há grande humanidade e onde vai ficar numa cama até morrer de tristeza?



quinta-feira, março 02, 2017

Sofres com paciência a fraqueza dos que estão mais próximos de ti?




“Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo” é uma das obras de Misericórdia espirituais.

Como estamos em relação a esta obra? Será que temos paciência para os erros dos nossos filhos, dos nossos pais (se calhar já idosos), do nosso marido/mulher?

É fácil esquecer e aguentar as imperfeições daqueles que mal conhecemos. Mas é muito mais difícil quando estamos a falar dos que fazem parte da nossa vida todos os dias…


Oração: 
Jesus ajuda-nos a sofrer com paciência as fraquezas dos outros, pois, quando é connosco exigimos sempre que nos perdoem!