segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Pára, faz silêncio e escuta

Este fim-de-semana estive em retiro de silêncio nos missionários combonianos. Foi uma experiência nova. Tenho andado muito cansada, de mau-humor, triste, mas este retiro foi como água fresca para mim. Finalmente parei. Parei para escutar o Nosso Pai e saber o que Ele me queria dizer. E podem crer que me disse muita coisa.

A maior lição é a da Espera. Tenho andado triste e desanimada, porque não tenho obtido resposta da parte do Pai em relação a algumas coisas da minha vida. Mas, neste fim-de-semana, Ele falou. E porquê? Porque fiz silêncio e ouvi-O sem receio da resposta que iria receber. Esperar e ter paciência é algo que nem sempre é fácil. Queremos respostas imediatas. Sempre foi assim. Hoje em dia, com as novas tecnologias, mais do que nunca queremos logo a resposta.

Mas, nem sempre temos de ter logo a resposta. Às vezes, temos de esperar, ganhar folêgo, aprender lições, conhecer melhor a Palavra e a Vontade de Deus, para enfrentarmos o caminho que temos pela frente.

Neste fim-de-semana percebi que não posso ouvir o Pai se não fizer silêncio. Há que parar. Rezar e escutar. Não é preciso fazermos um retiro. Até no nosso quarto podemos fazer isto. Sei que não é fácil parar. Mas, se vier cá a Portugal a vossa banda preferida, não fazem tudo para conseguir arranjar tempo? Não se arranja tempo para o futebol e para as novelas? Não estou a dizer que não façamos nada destas coisas. Só estou a dizer que devemos também lutar e fazer tudo por tudo para estar com o Pai.

Neste retiro aprendi que o não parar leva, muitas vezes, ao cansaço, ao desânimo, ao mau-humor e, quem sabe, a pôr em causa a nossa Fé. Graças a Deus, não duvidei da minha Fé, mas pode acontecer… Tudo isto nos arrefece no Amor para com o Pai. E tudo isto nos leva a entrar por caminhos mais sinuosos, que poderiam ter sido evitados se tivéssemos escutado os Seus conselhos. Aprendi também que se não O ouvir posso estar a queimar etapas na minha vida e a perder tesouros que Ele me queira dar.

Ao princípio não é fácil parar, mas com o tempo e com muita oração, o Pai vai ajudar-nos e vamos conseguir fazer silêncio para o Ouvir. Se ainda não fizeram esta experiência de silêncio, tentem fazê-lo. Peçam ajuda ao Pai. Ele está sempre a bater-nos à porta. Tem muita coisa para nos dizer. Mas, não se esqueçam. Esta porta só abre por dentro. Temos de ser nós a abrir a porta. O Pai não nos força a nada. Apenas propõe.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Vamos viver a Quaresma!


Ontem foi dia de cinzas, como sabemos. Gosto de ir à missa neste dia. Não por obrigação, mas porque é um dia muito especial. É o dia em que começa a preparação para a Páscoa, quando Jesus, por Amor, se entregou ao sofrimento, morrendo na Cruz e ressuscitando ao terceiro dia.

Estava muito cansada. Aliás, tenho andado mesmo muito cansada. Mas, quando entrei dentro da igreja senti uma paz de espírito incrível. O cansaço passou para segundo plano. Tudo o que via à minha volta me confortava. A igreja estava a abarrotar de pessoas. Fiquei cá atrás, com a minha mãe, e, ao início, nem consegui ver o padre. Houve pessoas que ficaram cá fora. Levámos imenso tempo para conseguirmos receber as cinzas, mas não fazia mal. Aquela multidão de pessoas a rezar, a pedir a Deus que olhasse por elas e pelos outros era o mais importante.

Quando cheguei a casa sentia-me bem. O cansaço físico não tinha desaparecido, mas a Paz de Deus estava comigo. Estava mesmo. E como é bom senti-la!

Tudo isto me leva a pensar como é importante vivermos realmente o tempo da Quaresma. Prepararmo-nos para celebrarmos a Paixão de Cristo. Não podemos esquecer que para o cristão, a Páscoa é a época mais importante. Foi quando Jesus nos mostrou que todos nós, independentemente do nosso passado e do nosso presente, podemos ir ter com Jesus que está de braços abertos à nossa espera e que, tal como Ele, poderemos um dia vencer a morte e alcançar a vida eterna.

E a pensar nisto tudo vêm-me à cabeça estas questões:

- Será que vivo mesmo a Quaresma?

- Será que pratico apenas o jejum e a abstinência de alimentos? Ou também penso naqueles pecados que nunca me largam e que já deviam ter ido embora há muito tempo?

- Será que tenho mesmo noção de que nesta época estou a relembrar que Jesus morreu e ressuscitou para me salvar e me quer junto Dele, mesmo que tenha cometido as maiores asneiras?

- Será que faço o suficiente nesta altura para pedir perdão, recomeçar e continuar a louvar durante todo o ano o meu Pai do Céu?

domingo, fevereiro 18, 2007

Tal como a bolinha do Amor, os BCC católicos estão novamente em comunhão. Desta vez é para falar sobre os amigos. Tudo começou com um convite do Ci. Já passou por outros blogs e o SP
convidou-me para falar sobre este tema.

Amigos

Ter amigos é ter um tesouro. A expressão é velha, mas nunca deixa de fazer sentido. O que seria de nós se não tivéssemos, pelo menos um amigo? De certeza que a nossa vida não faria muito sentido. O ser humano foi criado para viver em comunhão. Precisa de ter alguém com quem possa desabafar e contar aqueles segredos mais recônditos. Precisa de um amigo que o oiça a qualquer hora e que lhe dê conforto. Um amigo é também aquele que diz sempre a verdade. Se estamos certos diz que estamos no bom caminho, caso contrário avisa-nos que devemos mudar de direcção.

O SP diz que amizade e amor têm de estar juntos. Concordo. Sem amor não conseguimos fazer amigos de verdade. Não estou a falar de conhecidos. Estou a falar daquelas pessoas que nunca esquecemos e que, por mais longe que estejam de nós, estão sempre no nosso pensamento. Regra geral, não temos muitos amigos. Mas, o importante é a qualidade e não a quantidade.

Não podemos esquecer que uma amizade mantem-se. É como uma flor. Temos de lhe dar água, sol, sombra, falar com ela... O amigo faz parte da nossa vida. Esteja longe ou perto está no nosso coração e na nossa mente. Será que estamos a cuidar bem dos nossos amigos?

E do Maior de todos? Sim, por mais amigos que tenhamos, Jesus Cristo é o Maior de todos. Está sempre connosco. A qualquer momento podemos falar com Ele. E Ele está sempre pronto para nos ouvir. Mesmo quando os outros amigos não nos conseguem ajudar, Ele tem sempre solução para tudo. Por alguma razão é o “Caminho, a Verdade e a Vida”.

Já agora devíamos também pensar nesta questão: como é que estamos a tratar o nosso melhor Amigo, Jesus Cristo?





Passo o desafio a outros BCC:

Doce Deleite




quarta-feira, fevereiro 14, 2007

A luta pela Vida não parou

Acho que todos nós devemos reflectir sobre a campanha do referendo. Não vou falar para já da lei em si, já que ainda não foi regulamentada, embora ache curioso que o PS já tenha dito que não haverá aconselhamento, ao contrário do que diziam alguns defensores do Sim, e que o Sindicato Independente dos Médicos venha dizer que talvez seja necessário pensar em contratos com entidades privadas, já que as unidades de saúde portuguesas (que estão a fechar) poderão não conseguir dar resposta aos pedidos de aborto. Lembremos que muitos apologistas do Sim diziam que não nos tínhamos de preocupar, porque os abortos iam ser feitos em clínicas privadas e os nossos impostos não iriam contribuir para nada… A ver vamos.

Como cristã católica acho que é muito importante reflectir sobre o papel da Igreja nesta campanha. Na minha opinião teve momentos maus e bons. Começando pelos maus… Acho que o Cardel D. José Policarpo não devia ter dito que a Igreja não ia participar na campanha. Sei que não o fez por mal, mas a palavra campanha, em plena sociedade de informação, é muito vasta e muitos entenderam que os católicos (até parece que somos a única religião) não deviam tocar no assunto. Como perguntava um colega de trabalho:”Mas vocês falam da actualidade nas missas?” Lá está, a palavra campanha, hoje em dia, pode significar muitas coisas.

Outras coisas que correram mal… No início, a diocese de Coimbra fez um apelo ao voto do Não logo após as palavras do Cardeal. Ainda por cima houve uma polémica em volta de uma imagem de uma criança de uma apologista do Sim… As declarações também nem sempre foram muito felizes, nomeadamente quando aparecia um sacerdote a falar de excomunhão. Até parece que isto aconteceria na prática… Depois, para ajudar, surgiram católicos a dizerem que votariam no Sim (uma das pessoas que deu uma entrevista, nem era baptizada, mas dizia-se católica), assim como o padre de Lamego.

Coisas boas… A principal de todas é que a maioria dos cristãos estiveram unidos, contra tudo e contra todos, para lutarem por uma solução que pudesse levar a uma lei que protegesse a mãe e o filho. Não houve vergonhas, não houve desistências… Apesar da tempestade, lutou-se e mostrou-se que a preocupação pela Vida não deve ser só dos cristãos. Deve ser de todos. Afinal somos todos seres humanos. Falou-se também muito da Misericórdia de Deus. É pena que tenha sido abafada pelos media por causa das coisas más que apontei em cima. Diz-se tanto que a Igreja não tem influência na sociedade, mas nestas alturas querem-na sempre calada…Curioso... Já agora para quem defende que o Estado é laico, não se esqueça que o ser laico, em Portugal, é viver numa democracia onde temos liberdade de expressão.

E agora? Agora vamos para a frente e lutemos para que o aborto não seja a única solução para uma mulher. Vamos ajudar ainda mais as instituições que já existem e que têm feito um óptimo trabalho, divulgando-as, dando ajuda financeira, sendo voluntário… Enfim, arregacemos as mangas. Há muito trabalho a fazer. Deus está connosco. Não temamos!



  • Instituições que ajudam as Mães



  • segunda-feira, fevereiro 12, 2007


    Muita coisa podia dizer... Mas, hoje, olhando à minha volta só me apetece pensar nestas palavras de Jesus, que É o Caminho, a Verdade e a Vida.

    «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.»

    Mt 11, 28-30

    terça-feira, fevereiro 06, 2007

    Fala-se muito, mas…

    Faltam poucos dias para o referendo. A pergunta é “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?” Tendo em conta a delicadeza da questão, devíamos estar perante uma campanha informativa. Já que o Estado está a usar tanto dinheiro dos contribuintes para repetir um referendo, então que sirva para informar bem as pessoas.

    Pelos vistos, isto não está a acontecer. Não é que não haja ninguém a tentar fazê-lo. Mas, se pensarmos que a maioria dos portugueses se informa através da televisão e dos noticiários, chegamos à conclusão que, de facto, não há muita informação. A não ser o mesmo de sempre: a Igreja deve estar calada, há católicos a favor do “Sim”, houve uma mulher que abortou e teve complicações, o partido A pensa isto ou aquilo, o B outra coisa…

    Então e que tal apresentarem também informações sobre as instituições que ajudam as mulheres a terem os filhos? Sim, nem todas as mulheres que abortam o fazem por não querer o filho. Fazem-no por estarem desesperadas e por acharem que não têm ninguém que as ajude. E que tal falarem da protecção que as mulheres têm quando são obrigadas pelos maridos ou namorados a fazerem um aborto? E que tal falar dos locais onde são dados métodos contraceptivos gratuitos? E que tal falarem das mulheres que, apesar das dificuldades, tiveram os filhos? E que tal falarem das propostas que permitem que mesmo que o “Não” ganhe, a mulher não seja penalizada?

    E que tal falarem da vida que está dentro da mulher? Independentemente da nossa escolha, num aborto estamos perante dois seres: mãe e filho. Ambos têm direito a protecção. Que protecção é que a lei que vai ser votada trás a ambos?
    Já agora, deixo mais umas perguntas. Que instituições legais são estas de que se fala na lei? As privadas? Vai haver parcerias público-privadas? Comparticipação por parte do Estado? A Saúde não tem dinheiro para quase nada e pode apoiar as mulheres que vão abortar?

    Além disso, não esqueçamos que a lei deve ser geral. Deve permitir a protecção de todos os intervenientes num processo. Neste caso a mãe, o filho e o pai. Esta lei traz protecção ao filho? Às dez semanas, segundo a ciência, o coração já bate e uma boa parte dos órgãos internos já estão criados… Já para não dizer que o pai, que deve sempre dar ajuda, nestes casos deve ficar calado…

    São muitas interrogações, mas acho que vale a pena pensar nisto… Já agora, vão votar. A ver se não temos de repetir o referendo novamente…

    sexta-feira, fevereiro 02, 2007

    As consequências das nossas acções


    O impacto das nossas atitudes pode ser terrível para os outros. Seja onde for. Na Igreja também. Sou cristã católica e nem sempre é muito fácil ouvir comentários de que um padre, um religioso ou um leigo fez isto ou aquilo que estava errado. "Que credibilidade é que a Igreja tem?", perguntam-me.

    Respondo dizendo que a Igreja não é perfeita, é feita de homens e mulheres imperfeitos, e todos nós podemos errar. Nem assim. Os comentários continuam. Claro, também é verdade que Jesus disse que não ia ser fácil e felizes daqueles que seriam perseguidos em Seu nome.

    Não é fácil sermos gozados por sermos cristãos católicos (isto também acontece com outras religiões, claro), mas vamos habituando-nos e Deus vai-nos dando forças para continuarmos. Faz parte. Jesus também foi perseguido. Mas, o problema central nem passa por aí. A questão está nos actos de todos nós que seguimos Deus.

    Afinal, se é verdade que todos nós erramos também é um facto que devemos ter muita atenção aos nossos actos, porque, regra geral, não nos afectam apenas a nós. Vão afectar todas as outras pessoas que seguem a nossa Fé. Se minto, se não costumo perdoar, se não amo, isso vai ser usado contra todos os outros irmãos que seguem Deus. Além disso, como é que conseguimos transmitir a mensagem de Deus com estas atitudes?

    Acho que devíamos pensar todos nas consequências dos nossos gestos e das nossas palavras. Sim, por que todos nós já contribuímos, alguma vez, para a imagem negra da Igreja e de Deus. Quer sejamos padres, religiosos ou leigos. Como diria Jesus, quem nunca o fez, atire a primeira pedra. Mas, claro, isto não deve servir de desculpa. Devemos pensar mais nas consequências das nossas acções. Que o Pai nos ajude!